tag:blogger.com,1999:blog-59568101709899708402024-03-04T20:27:13.657-08:00LELÉ ARANTESCrônicas . Política . Cultura . HistóriaLelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.comBlogger180125tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-5016410130887657192022-05-23T07:41:00.000-07:002022-05-23T07:41:01.418-07:00Fraude nas urnas eletrônicas<p> </p><p class="MsoNoSpacing"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpCQFfc0fsI17xpbD40dPbQWIiHF1qQDFza8dB4taj85pZRoyO-mAe2XsBo3e7gco2dva22yDJIZUbjbJ6X9MBsU_TaqLZEUkaJbkwJc0JooeZhGVjcfqyOcmHVkGLftzby3KyU0zKFoSYK11HirF5l1w5dbhxvwZiytIyH3bSvFcpME3a6QklmIROtA/s510/urna-eletronica-voto-bolsonaro-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="364" data-original-width="510" height="228" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpCQFfc0fsI17xpbD40dPbQWIiHF1qQDFza8dB4taj85pZRoyO-mAe2XsBo3e7gco2dva22yDJIZUbjbJ6X9MBsU_TaqLZEUkaJbkwJc0JooeZhGVjcfqyOcmHVkGLftzby3KyU0zKFoSYK11HirF5l1w5dbhxvwZiytIyH3bSvFcpME3a6QklmIROtA/s320/urna-eletronica-voto-bolsonaro-2.jpg" width="320" /></a></div><br /><p class="MsoNoSpacing"><br /></p><p class="MsoNoSpacing">Ao colocarem suspeição sobre as urnas eletrônicas, o
presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores colocam em dúvida todos os mandatos
eleitorais obtidos por meio do voto eletrônico desde 1996. Aventar a possibilidade
de fraudes nas eleições com as urnas eletrônicas equivale a considerar que
todos os eleitos, de vereadores a presidente da República, alcançaram a vitória
de forma ilegítima, portanto, nenhuma eleição teve validade, foram maculadas
pelo germe da adulteração. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">A própria eleição do atual presidente pode ter sido uma
fraude e neste caso, a culpa foi do PT ou dos adulteradores contratados por
Bolsonaro, que foram mais espertos e chegaram na frente?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Uma vez que o PT venceu quatro eleições presidenciais e
todas podem sido fraudadas, como seus dirigentes permitiram que seu
concorrente, Bolsonaro, obtivesse mais votos que seu candidato, Haddad, em 2018?
Contratando especialistas mais capacitados? <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Seria lógico que, perdendo três eleições e ganhando quatro,
os petistas tivessem obtido PHD em fraude eleitoral? <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Ora, se houve fraude, Fernando Haddad foi traído pelos
dirigentes petistas que sabiam como fraudar a eleição e mesmo assim permitiram
que ele perdesse!<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">O mesmo aconteceu com os tucanos do PDSB. Depois de
fraudarem duas eleições presidenciais, eles deixaram o Lula ganhar duas vezes e
a Dilma vencer outras duas vezes... Ou seja, depois de FHC o PSDB só conseguiu
fraudar as eleições paulistas para governador. Eita, povo incompetente!<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Se o presidente Jair Bolsonaro tem razão em suspeitar das
urnas eletrônicas, o TSE deveria exigir que ele esclarecesse como fez para
fraudar as urnas, uma vez que ele foi o eleito, portanto foi o beneficiário direto
da ação que, senão criminosa, é no mínimo uma contravenção para enganar o TSE,
os TREs, as Juntas Eleitorais e o todo o colégio eleitoral. Neste caso
específico, Bolsonaro é réu confesso. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">É a primeira vez na história da humanidade que um candidato
vitorioso confessa que houve fraude na sua eleição. Fraudou-a, no primeiro e no
segundo turnos. Eticamente, ele deveria declarar que as eleições não foram
válidas e se recusar, terminantemente, a assumir o cargo. Até porque, sendo um
homem religioso, a ética cristã manda que ele não aceite vantagens fraudulentas,
oriundas de uma enganação, de uma impostura. Isto é coisa de ímpios, coisa de
bandidos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">E nesta outra possibilidade, Bolsonaro seria o grande
Herói nacional, angariando a simpatia internacional, por ser o único político
da face da terra que, mesmo ganhando, abriu mão do seu cargo de presidente da
República porque sua eleição foi fraudada. Seria ungido santo, um verdadeiro
Homem de Deus.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Prezada leitora e prezado leitor, tudo o que escrevi
acima são ilações, claro. Imagina todos os presidentes, governadores,
senadores, deputados, prefeitos, vereadores e vices de toda ordem sendo
obrigados a devolveram aos cofres públicos tudo o que receberam neste período!
Se a eleição de Bolsonaro foi fraudada, todas demais também o foram. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Olha que coisa absurda.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Os eleitores antigos sabem que na época do voto impresso
havia mil e uma maneiras de fraudar os votos. Bastava comprar meia dúzia de
escrutinadores e se tinha a eleição garantida. Então, voltar ao voto impresso
além de ser um atraso é um convite ao retorno da roubalheira eleitoral. Com a
urna eletrônica pelo menos a contagem é mais rápida e o resultado sai logo,
porém não sabemos como ela funciona a partir do momento em que ela é lacrada. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Auditar os votos poderia sim ser uma saída para evitar
acusações infundadas, mas seria possível detectar alguma fraude?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Esta é a pergunta correta: as urnas eletrônicas são
realmente indevassáveis, à prova de fraudes?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing"><o:p> </o:p></p><br /><p></p>Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-64269655050118604812022-05-16T10:21:00.002-07:002022-05-16T10:21:23.558-07:00Adeus às armas<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhohSxLrKimv7dJ51Pl7Nw18mgCrbz3U0ghxMbw5EPh9wCD7OueADI97VysUTVWILolCvEPV9QEG5Ag7zdMZ8B_NVTxf7gRKSMgvoInMntf_a7RXnUhzLggxLdntwiJDem8uZdk3w02rhJp7ZScbKfVyuG26tGMphhqEDW7SomSmPzXDUwZ542ba4zVag/s269/adeus%20as%20armas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="269" data-original-width="187" height="269" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhohSxLrKimv7dJ51Pl7Nw18mgCrbz3U0ghxMbw5EPh9wCD7OueADI97VysUTVWILolCvEPV9QEG5Ag7zdMZ8B_NVTxf7gRKSMgvoInMntf_a7RXnUhzLggxLdntwiJDem8uZdk3w02rhJp7ZScbKfVyuG26tGMphhqEDW7SomSmPzXDUwZ542ba4zVag/s1600/adeus%20as%20armas.jpg" width="187" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNoSpacing">Sim, é um romance de Ernest Hemingway. A Farewell to
Arms, em inglês. Um belíssimo romance que narra a história de Frederic Henry e
Catherine Barkley. Ele, um estadunidense servindo no exército italiano na I
Guerra Mundial, condutor de ambulâncias, se apaixona por Catherine, uma
enfermeira inglesa. O romance contém amor, sofrimento, lealdade, deserção e
morte. Prato cheio para um bom livro, principalmente nas mãos de um autor tão
obstinado pela perfeição quanto Hemingway que admitiu ter escrito o capítulo
final mais de 40 vezes.</p><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Enquanto Frederic Henry, dá adeus às armas para viver um
grande amor fugindo, por meio da deserção, dos horrores da guerra, o que torna
esta obra universal, nós, cerca de 60 por cento dos rio-pretenses, demos adeus
às armas numa pesquisa realizada pelo <b>Diário</b>, agora em setembro. Claro
que o voto das mulheres — menos inclinadas ao belicismo e, via de regra as
maiores vítimas da valentia armada — puxou os números da pesquisa para cima. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Pesquisas como esta revelam o sentimento das pessoas que
não tem voz, não escrevem nos jornais nem são ouvidas pelas emissoras de rádio
e de televisão. No silêncio, a sociedade rumina seus pensamentos e opiniões que
ficam circunscritas às prosas no seio familiar ou no cafezinho, com amigos. Os
que tem voz são mais afoitos, exprimem suas opiniões e fazem estardalhaço em
torno delas, criando a falsa impressão de que representam a maioria.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">O imaginário popular está recheado de histórias de
valentões e suas malfadadas sinas. Não há registro de nenhum valentão que se
deu bem ou morreu dormindo tranquilamente em sua cama, de morte natural. Ou de
doença. Todos morreram violentamente, confirmando o ditado popular de que “quem
com ferro fere com ferro será ferido”.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Particularmente, eu penso que todo homem que anda armado
é covarde; excetuando os policiais, por dever de ofício, ou morador rural em
zonas isoladas. Ele se esconde atrás da sua arma para ser valente, impor sua
vontade, gritar mais alto e ser “respeitado”. Num estado de paz a arma é
desnecessária. Diriam os defensores dos belicistas: mas, e os bandidos, eles
andam armados? Sim, eles andam armados porque são bandidos, são covardes, são
párias da sociedade. Não fossem bandidos, não andariam armados.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">A competência para combater os bandidos é da Polícia,
paga por nós para proteger a sociedade. Assaltos, roubos, sequestros, estupros
e assassinatos sempre existiram na história do homem, desde nosso Concestral 1
(o nosso 250.000º avô, segundo Richard Dawkins). E sabemos que o homem comum,
ou seja, nós, do lado do bem, não temos habilidade nem necessidade de andar
armados. Devemos sim, sermos prevenidos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Tenho 60 anos, estive em todas as capitais do Brasil e
suas principais cidades, e nunca fui assaltado. Tenho o hábito de perguntar quais
são os lugares violentos da cidade e não vou neles. Evito botecos, guetos,
zonas de tráfico e prostituição, companheiros dissolutos. Eu faço o meu
caminho. Se o ambiente não estiver bom, vou embora. Sou livre para escolher
onde quero estar. Se me acontecer algo ruim isso faz parte da fatalidade, do
imponderável.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Precisamos criar uma cultura de paz para nós e para o
mundo. O mundo armado é funesto. Me pergunte se eu já tive vontade de matar
alguém no trânsito, num bar, numa discussão? Claro que tive. Graças a Deus eu
não estava armado e nem o outro. Quando se está armado, a chance de ser morto e
de matar é igual, 50%. Os cemitérios estão repletos de mortos que eram
excelentes atiradores e de valentões que, como diz a narrativa popular, sempre
morrem nas mãos dos mais fracos. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing"><o:p> </o:p></p>Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-68992873879992539462022-04-18T11:43:00.000-07:002022-04-18T11:43:14.905-07:00A Lua, o samba e o carnaval<p> </p><p class="MsoNoSpacing"><br /></p>
<p class="MsoNoSpacing">Foi logo depois de a Apolo 11 pousar na Lua — acho
alunissagem um vocábulo pra lá de esquisito, algo assim como “alucinagem...” e
já vamos nos acostumando com amartissagem e daqui uns tempos inventaremos
vocábulos para Vênus, Saturno, Júpiter... — que tomei conhecimento da
existência do samba. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Morávamos em Simonsen, perto do cemitério, em uma casa de
tijolos sem reboco e sem forro, por cujas paredes, à noite, desciam em cascata
milhares de percevejos famintos do nosso sangue infantil. Era a última casa da
vila, para quem saía em direção a Votuporanga, pela estradinha do cemitério.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Não me lembro que noite foi aquela, mas foi logo depois
dos homens chegarem à Lua. Era umas dez da noite, quando bateram na porta de
casa. Meu pai foi atender e lá estavam cinco jovens, dois homens e três
mulheres, com três galinhas, arroz, um garrafão de pinga, um disco de vinil e
uma vitrola portátil. Queriam que minha mãe fizesse uma galinhada.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Claro que pulamos todos da cama. Naquela noite não
seríamos pasto para os percevejos e ainda por cima teríamos comida diferente.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Enquanto minha mãe limpava as galinhas e colocava lenha
no fogão, meu pai e os jovens se reuniram em volta do garrafão e da vitrola
para ouvir as músicas e prosear. Piadas, política, futebol e música. O vinil
era de Martinho da Vila. Aguçou minha atenção uma música que dizia que São
Paulo era a terra da garoa. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Entre uma música e outra surgiu um acalorado debate sobre
o homem na Lua. Meu pai não acreditava. Dizia que era um truque de cinema. Pelo
menos foi que o Dr. Vicente teria comentado com ele. Vicente Aires havia morado
em Cosmorama antes de se mudar Votuporanga. Meu pai fincou pé nesta versão. Era
admirador apaixonado das conversas e ideias daquele médico que, segundo meus
tios, era “comunista de Moscou”.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Apenas um dos jovens concordava com meu pai. Os demais
acreditavam e mantiveram suas opiniões. O outro rapaz, negro de cabelo black
power, questionou com veemência a versão deles e quis saber se Gagarin
realmente havia feito a viagem no espaço. E passou a desfiar nomes como a
cadela Laika. Ah... e Valentina Tereshkova! Ela era de ficção também? E os
macacos? Muitos anos mais tarde tomei conhecimento do Projeto Albert, do programa
espacial dos Estados Unidos. Os macacos Albert I e Albert II.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Na verdade, ali, sob a luz do luar na pequena Simonsen,
naquela distante noite de 1969, eu tomava gosto por duas coisas: uma enorme
curiosidade que me conduziria à leitura e ao jornalismo e um gosto fantástico pelo
samba, que me permitiria conhecer obras maravilhosas de Roberto Ribeiro,
Paulinho da Viola, João Nogueira, Cartola, Nelson Cavaquinho, Bete Carvalho...
e um dia me colocou dentro da Império Serrano, ao lado da presidente Vera Lúcia
Corrêa de Souza, que adotou minha ideia de levar para a Sapucaí, em 2018, um
enredo homenageando a China.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Aquele garoto de nove anos, que tomou conhecimento do
samba na pequenina Simonsen, teve a honra de, 50 anos mais tarde, ver uma ideia
sua convertida num desfile do grupo especial do maior espetáculo da terra com o
enredo “O Império do Samba na Rota da China”. Como diz meu amigo imperiano
Leandro Corrêa: não é pra qualquer um. <o:p></o:p></p>Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-76030952553690466362022-04-07T06:19:00.000-07:002022-04-07T06:19:11.808-07:00A Cotuba e o vinho<p> </p><p class="MsoNoSpacing">Era uma época de muito calor. Meu pai, meus tios e seus amigos
boias-frias, pegaram um roçado para destocar, lá pelas bandas do córrego do
Moinho (diziam córgo do Munho). Serviço bruto. Uns usavam machado, outros
enxadão. Uns carregavam os tocos e formavam as coivaras para depois colocar
fogo. O dono era o Jerônimo Borges, um dos filhos do fazendeiro Belisário. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Como eu era moleque, tinha entre treze e catorze anos,
fui escalado para servir de bombeiro. Minha obrigação era pegar água fresca
numa mina, distante meio quilômetro do roçado, e servir aos peões. Carregava
água em duas moringas de barro e servia numa caneca de lata. Às vezes, as duas
moringas não davam para atender a todos. Por causa disso, meu trabalho também
era estafante, sob o sol inclemente.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Numa das idas e vindas, por volta das três da tarde,
parei sob a sombra de um enorme jatobá e me sentei para tomar um fôlego.
Encostei-me no tronco, tirei as botinas e mexi os dedos dos pés, suados e
cheios de terra. Naquele momento pensei duas coisas: em como seria a vida
trabalhando num escritório, com a roupa limpinha, sapatos nos pés e salário
fixo no final do mês; e, outra, imaginei uma garrafa de Cotuba geladinha e o
líquido, dourado e borbulhante, descendo pela minha garganta... Ah! Que
delícia!<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Por uns cinco minutos que pareceram uma eternidade fiquei
ali, de olhos fechados, sentindo a aragem quente batendo no meu rosto queimado
pelo sol, saboreando a Cotuba imaginária e tentando pensar em como aquilo era
feito. Nunca poderia imaginar, naquela tarde de 1973, que um dia eu conheceria
pessoalmente um dos donos da fábrica que produzia aquele refrigerante tão
gostoso.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Na semana passada, Luiz Carlos Mattos me enviou um presente.
Na hora, pensei que era uma Cotuba. Não, não era. O que recebi foi um vinho de
Pago. Um maravilhoso Las Ochos. O nome é uma reverência (reverência mesmo!) às
oito uvas que compõe este vinho singular de Chozas Carrascal, produzido em Requena,
na Espanha: Bobal, Monastrell, Garnacha Tinta, Tempranillo, Cabernet Sauvignon,
Cabernet Franc, Syrah e Merlot.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Ao abri-lo, um perfume intenso e elegante encheu o ar.
Senti saudade da confraria que o saudoso Paulo Roque fazia no seu escritório,
na qual, José Manoel de Aguiar Barros e eu, éramos convidados de honra. Isto é,
não precisávamos levar vinhos. Osvaldir de Castro, o pai, era o mestre, explicando
todas sutilezas de cada vinho. Os mecenas (os que compravam e lavavam os
vinhos) eram o saudoso José Luiz Spotti e os empresários José Carlos Semenzato,
Joaquim Ribeiro Mendonça, Osmar Garcia e, às vezes, o doutor Borghetti. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Quanto girei o vinho na taça, oxigenando-o para sentir
seus aromas e aspirei seu cheiro, lembrei-me, imediatamente, daquela tarde, sob
a sombra do jatobazeiro... Quanto tempo, quanta vida, quanta coisa aconteceu
nesta caminhada. Coisas boas e prazerosas, como a primeira vez que degustei um
queijo gorgonzola, na casa do radialista Adib Muanis... ou quando provei
carneiro à moda árabe na casa de José e Yara Barbar Cury! Ou quando, nas tardes
de sábado, tomava sorvete com Vera Buchalla, numa pequena sorveteria da rua XV
de Novembro, bem pertinho da esquina com a Saldanha Marinho. Ou quando
deglutíamos, meus amigos da Cecap e eu, um rodízio de pizza no K’Douro, na
margem da Represa, em uma festa juvenil de massas e refrigerantes. Não sei de
que ríamos tanto. A felicidade era muito barata.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">A vida é assim, uma caminhada carregada de renembranças,
como diria o jornalista José Eduardo Furlanetto, nos dourados anos de 1980.<o:p></o:p></p>Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-7312250079016606992021-03-24T09:14:00.002-07:002021-03-24T09:14:44.440-07:00Se eu fosse o presidente...<p class="MsoNormal">Se eu fosse o presidente eu teria chamado todas as grandes
instituições do país e proposto um acordo nacional para o enfrentamento da Covid.
Dialogaria com Deus e com o diabo, com direita e com esquerda e com centro e
com desavisados. Explicaria que sem economia (dinheiro, dindim, bufunfa, vil
metal, leleus, contos, faz-me rir, pilas, etc...) não tem como comprar comida,
remédios, vacinas nem como dar auxílio emergencial. Isto é, o governo precisa
de pagamento de impostos para gastar e para isso é preciso produção.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Por outro lado, a pandemia está instalada. É preciso
isolamento social, uso de máscara, comida, remédios e manter os empregos,
porque sem salário as pessoas que trabalham morrerão de fome (o presidente até tentar
falar isso, mas não consegue, falta-lhe a capacidade de ordenar frases
inteligíveis).<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Dessa forma como presidente eu proporia:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">1)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Fechamento (lockdown, que em inglês significa
confinamento) seria facultativo. Fecha quem quer. Porém, as empresas que
funcionarem, de micros a megas, ficariam responsáveis pelo tratamento médico de
seus empregados acometidos pelo Covid. Isto faria com que todas empresas
contratassem planos de saúde ou hospitais para atendimento de seus empregados)
ou, então, aderissem ao lockdown sem estardalhaços e protestos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">2)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->O SUS, por meio dos governos federal, estadual e
municipal atenderia funcionários públicos federais, estaduais e municipais (os marajás
continuariam com os hospitais particulares, como já é usual) e o restante da
população (crianças, idosos, aposentados, pobres, vulneráveis e desempregados).<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Simples assim. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Os empresários, os ricos e os muito ricos já são atendidos
pelos grandes hospitais particulares como Sírio-libanês e Albert Einstein. Os
muito muito muito muito ricos são atendidos no Estados Unidos. Os militares
graduados tem os hospitais das Forças Amadas. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Mas, o presidente (coitado!) não tem nem ministro da saúde (minúsculo
mesmo). <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Como não sou presidente e ele jamais lerá o que escrevi,
fica aqui minha sugestão: <b><i>vamos cuidar dos nossos porque, na hora do
vamos ver, estávamos completamente sozinhos, apenas com nossos familiares,
dependendo do sorriso, da boa vontade e da entrega dos Profissionais da Saúde</i></b>
(maiúsculas mesmo). <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOZ0GDsbadw4TQibZi8eML0PJ0-ZABTKevZHV9yLUpapKCFA4Q8OZP5CusQkAQNhHsqt47lD8OL_4tC6Rhe00auKDTijXQ1R-gNiHhPmD5jxAqrxAMSpTpnzwtD4TaPwJ0Qm4Hhyx1W4X0/s800/hospitalAlbert.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="482" data-original-width="800" height="193" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOZ0GDsbadw4TQibZi8eML0PJ0-ZABTKevZHV9yLUpapKCFA4Q8OZP5CusQkAQNhHsqt47lD8OL_4tC6Rhe00auKDTijXQ1R-gNiHhPmD5jxAqrxAMSpTpnzwtD4TaPwJ0Qm4Hhyx1W4X0/w320-h193/hospitalAlbert.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span><p></p>Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-48141012900930452212021-01-15T05:08:00.003-08:002021-01-15T05:13:33.227-08:00Broto-seco quer saber: Cadê as esquerdas?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAEBJkRm-uj65qNJx5564GdumbLOp7_VWvEXS_uhYImKaodc3APo8hP2chBLPAl2eIdNwdNqJaJeExGvTYBOC7kbcjvxSLEi9O_tQkLqvSjqQRcBXNDSB-xxcSBYMk7fVsmFKfa6mUlAWA/s836/politicosjpg.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="504" data-original-width="836" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAEBJkRm-uj65qNJx5564GdumbLOp7_VWvEXS_uhYImKaodc3APo8hP2chBLPAl2eIdNwdNqJaJeExGvTYBOC7kbcjvxSLEi9O_tQkLqvSjqQRcBXNDSB-xxcSBYMk7fVsmFKfa6mUlAWA/s320/politicosjpg.jpg" width="320" /></a></div><p>Meu primo, Raimundo Broto-seco, esteve sumido por uns dias.
Cansou de meter-se em confusão com amigos e parentes por causa de política. Ele
não é um idiota como Eremildo, de Gaspari, está mais para Nerso da Capetinga. Operador
de betoneira com diploma do SESI, ele é asselvajado, mas não é burro. Sua
indignação anda à flor da pele. Está tão bravo com a situação dos doentes de Covid
de Manaus que ontem confessou que sua raiva contra Deus cresce a cada dia que
passa.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Tento esclarece-lo de que Deus não tem não a ver com isso. Porém,
ele não admite. Para Broto-seco, Deus escolheu um lado. Deus ama a direita.
Mourão e Pazuello pegaram Covid e não aconteceu nada. Nem entubado os caras
foram. O Bolsonaro fingiu que pegou Covid e ficou elas por elas. Culpa de Deus
que deixou mais de 200 mil pessoas morrerem e não mata um integrante sequer deste
governo desumano e cruel.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Ontem ele saiu-se com essa: Bolsonaro se elegeu presidente para
se vingar dos militares. Posto para fora das Forças Armadas, depois de um acordo
espúrio e intramuros, ostentando uma patente de capitão, ele agora caga e mija
na cabeça de generais que o obedecem cega e humilhantemente. Agora, o capitão é
um herói, o Duque de Caxias revivido.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Antes, ele “odiava” o coronel Chávez e depredava a Venezuela
e Cuba como exemplos do que podia ser de pior em termos de governo. O grande
defensor da democracia e seus seguidores néscios e desvairados agora flertam
com a ditadura. O que pregavam como ruim ontem, hoje é modelo de salvação. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Broto-seco, exilado em um tugúrio às margens do rio São José
dos Dourados, na altaneira divisa entre Sebastianópolis do Sul e Cosmorama, está
inconformado com o silêncio das esquerdas. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">— Por que as esquerdas estão deixando o “Minto” construir a
falácia da fraude eleitoral se reagir? Assim como ele diz que fraudaram a
eleição que ele ganhou, nós também podemos dizer que sua eleição foi uma fraude
eleitoral tanto no voto quanto no estelionato aplicado na cabeça do nosso povo.
Cadê o Lula? Cadê o Ciro? Cadê o Haddad? Cadê os tucanos? Vamos aceitar de
braços cruzados as mentiras construídas por este grupo de trogloditas que usurpou
as cores da nossa bandeira nacional, como se eles fossem os mocinhos da
história?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Não sei o que responder. <o:p></o:p></p>Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-36768608275946709892020-11-08T12:44:00.000-08:002020-11-08T12:44:08.538-08:00CAFÉ EM PÉ - 007 - Entrevista com LELE ARANTES<iframe width="480" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/n403UyuT7TQ" frameborder="0"></iframe>Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-60683292256266842372020-11-08T12:18:00.002-08:002020-11-08T12:18:37.459-08:00O Ministro e o Covid<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqazP5CwioFMMrlLCyn5Sih8jXdPLBl3uAKXZipG0h5cFHpldR7Qn2gLLE05VIRDO_zf2s7e8P9d1P8-M9EM4bucJBflsOrODTxDYYZGi9kTS7zk-KuAS4NOUKoSutlllOUTGxRdJRoEnE/s638/coronav%25C3%25ADrus-1-660x372.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="372" data-original-width="638" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqazP5CwioFMMrlLCyn5Sih8jXdPLBl3uAKXZipG0h5cFHpldR7Qn2gLLE05VIRDO_zf2s7e8P9d1P8-M9EM4bucJBflsOrODTxDYYZGi9kTS7zk-KuAS4NOUKoSutlllOUTGxRdJRoEnE/s320/coronav%25C3%25ADrus-1-660x372.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNoSpacing">Meu primo, Raimundo Broto-seco esteve internado. Pegou coronavírus
e chegou a ser entubado. Não gostou nadinha da experiência. Ao ler as notícias para
se colocar em dia com o mundo, duas coisas chamaram a sua atenção. Primeiro, a
derrota de Donald Trump. Ele tinha certeza de que Joe Biden, que considerava um tanto gagá
e muito fraquinho para enfrentar o brutamontes Trump, jamais venceria as eleições.
Ele acha que Trump deve mesmo pedir a recontagem dos votos.</p><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">A outra coisa foi o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pegar coronavírus.
Mas não foi a doença em si que chamou sua atenção, mas o tratamento médico.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">— Se ele é o ministro da Saúde, portanto, o responsável
direto pelo SUS, por que ele foi se tratar num hospital particular?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Para Broto-seco, o ministro não ser tratado pelo SUS é
como o dono do restaurante que, quando tem fome, vai comer no restaurante concorrente.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing">Aqui entre nós, meu primo realmente não bate bem da cabeça.
Faz cada pergunta besta!<o:p></o:p></p><p class="MsoNoSpacing">Não é que ele também acha estranho que todo mundo do governo que pegou Covid não ficou internado.</p>Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-9663214315731676592020-10-10T07:24:00.001-07:002020-10-10T07:24:09.469-07:00Vaquinha Olavista<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheTX0PMbpLOtzEXCy3nttq5-xIY-lBGmjeT1sng435EhPWFC1S-ItoUVOfysHZ-JIVMwRWWdqkgU2OOpKO7QQTkICZCHTx20qIZrGgVjR7nxxQ9r_Pq3eOnrTrt3B0CrtWXTU2sXCOJgX8/s307/vaquinha%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="262" data-original-width="307" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheTX0PMbpLOtzEXCy3nttq5-xIY-lBGmjeT1sng435EhPWFC1S-ItoUVOfysHZ-JIVMwRWWdqkgU2OOpKO7QQTkICZCHTx20qIZrGgVjR7nxxQ9r_Pq3eOnrTrt3B0CrtWXTU2sXCOJgX8/s0/vaquinha%255B1%255D.jpg" /></a></div><br /><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal">Raimundo Broto-seco é meu primo. Operador de betoneira com
diploma do SESI ele é asselvajado, mas não é burro. Suas perguntas às vezes me
desnorteiam. Hoje ele me saiu com essa:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">— Quem vai dar dinheiro para o Olavo de Carvalho pagar a
multa de R$ 2,9 milhões ao Caetano Veloso definida pela Justiça?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Bom, é sabido que o guru não tem essa bolada toda. Ele já vociferou
cobras e lagartos contra o Véio da Havan e cacarejou vitupérios sobre o presidente
Jair Bolsonaro que “só é presidente” porque o Olavo o teria colocado lá... Os
eleitores, milhões de eleitores, só votaram no Jair porque ele, Olavo, o grande
filósofo da pós-modernidade, mandou. Ou seja, se não fosse o Jair, o presidente
seria ele.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Eu, criado livre e solto na pequena Cosmorama (minha Miraí),
tenho algumas dicas. Acho que Olavito deve pedir uma ajuda ao Marco Antonio
Villa e ao Reinaldo Azevedo. Se receber um não dos dois, podem recorrer ao 01,
02, 03, 04... ou então, ao Paulo Guedes, dono da bufunfa nacional. Em último
caso, pode solicitar uma ajuda à Liga Venusiana dos Olavitas Trolados e à Confederação
Intergaláctica dos Terraplanistas Unificados. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Eu disse ao Raí Broto-seco:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">— Calma, calma. Vamos fazer uma vaquinha digital. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Se você estiver interessado em ajudar Olavo de Carvalho
pagar o Caetano Veloso, não se sinta avexado. Fale comigo in box que passo o
número da conta para o seu depósito bancário. Olavito, penhorado, agradece. <o:p></o:p></p>Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-53003519176453788432020-10-03T09:19:00.000-07:002020-10-03T09:19:06.699-07:00Trump e a cloroquina<p> </p><p class="MsoNoSpacing"><span style="font-size: medium;">Raimundo Broto-seco é meu primo. Nasceu no sertão, na
pequena Passabem, onde o mapa da Paraíba faz uma cinturinha de pilão. Operador
de betoneira com diploma do SESI, dono de um pensamento linear e percepção de
caipira amineirado, ele tem curiosidade de repórter e desconfiômetro elefantês.
Volta e meia ele me aparece com alguma pergunta que não consigo responder ou
com uns causos de dar nó em sinapses. E-mail de hoje:<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing"><span style="font-size: medium;"><br /></span></p>
<p class="MsoNoSpacing"><span style="font-size: medium;"><o:p> </o:p>“— Se o presidente dos Estados Unidos, assim como o nosso
aqui, nega que a gravidade da Covid-19, porque saiu correndo para se internar num
hospital ao perceber os primeiros sintomas da doença? Se ele nega para os
outros, deveria negar para si também. Mas, como quem tem ânus tem medo...</span></p><p class="MsoNoSpacing"><span style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing"><span style="font-size: medium;">Entretanto, fico me perguntando por que ele não toma a
cloroquina que vendeu para o nosso Jair? Se a cloroquina curou o nosso
presidente, porque não serve para curar o Trump? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing"><span style="font-size: medium;">Sei não primo, isso está me cheirando a engodo, fake News
braba. Assim como a facada ajudou o Jair a fugir dos debates, acho que o Trump
está usando o Covid para fugir do Biden e se colocar como vítima para obter a piedade
dos eleitores. Arriégua!” <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></p><p class="MsoNoSpacing"><span style="font-size: medium;"><o:p>A</o:p>ssim é meu primo, curto e grosso como os carrascás da
sua terra natal.</span></p><p class="MsoNoSpacing"><o:p></o:p></p>Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-55332618326718735822019-12-23T05:52:00.003-08:002019-12-23T05:56:10.243-08:00Distopias Leleanescas - Capitulo 1<br />
<br />
<h2>
Capítulo I – <b>O patíbulo da Monarquia</b></h2>
<br />
O Brasil dos brasileiros anda agachado desde que a Monarquia foi destronada, isto é, apeada do poder. Foi assim:<br />
Era feriado da Proclamação da República. Estava todo mundo na praia comemorando mais um dia de folga. Sexta-feira. Um calor dos infernos.<br />
D. Pedro II, o imperador, estava na sua casa de campo, em Petrópolis (tem este nome por causa dele: é a Cidade do Pedro). Lá fazia menos calor.<br />
Enquanto isso, os militares e os republicanos, todos comunistas de esquerda (só tinha um comunista de direita, o Benjamin Constant) manobravam sorrateiramente para tomar o poder.<br />
Como acontece até hoje, enquanto povo comemorava o feriado, eles aplicaram o golpe.<br />
O Brasil amanheceu monarquia e anoiteceu república.<br />
Tudo por causa da esquerdista Isabel, a princesa, casada com um comunista sanguinário, comedor de crianças paraguaias, chamado Conde D’Eu. Na verdade, o conde deu muitos motivos para os golpistas. Ele estava negociando a venda da Embraer para a empresa francesa Airbus. Santos Dumont, que morava em Paris, denunciou a falcatrua toda. Os militares maoístas e os militares smithianos rebelaram-se contra tal alvitre à nação.<br />
Não bastasse a princesa esquerdista ter assinado a abolição dos escravos e livrado os escravocratas de continuar sustentando aquele povaréu todo, agora este príncipe comunista salafrário queria vender nosso orgulho nacional depois da Petrobras, a Embraer!!!<br />
O marechal Deodoro foi chamado às pressas. Meio adoentado, aplicaram uma injeção de cetorolaco de trometamina com metilprednisolona. Arrepiado, ele montou seu cavalo branco e à frente dos republicanos comunistas de esquerda e (e o de direita, o Benjamin) sacou uma espada e bradou: Independência ou Morte!<br />
E assim a Monarquia pariu a República.<br />
Começava o novo Brasil.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcAZ_jV_9iPnr3IzyfvXo0dlgJGmDhyphenhyphenljcmAbgQwz41xEE80umkpeEYSVOQMbNBBPJicEObQzhJr8VjyaEh5O49c2J6crcy3SzRcxxx311r2fDTQ1TTIDRDEYhHi4XnF2JK7GFqSv4GEms/s1600/pedro-ii.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="365" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcAZ_jV_9iPnr3IzyfvXo0dlgJGmDhyphenhyphenljcmAbgQwz41xEE80umkpeEYSVOQMbNBBPJicEObQzhJr8VjyaEh5O49c2J6crcy3SzRcxxx311r2fDTQ1TTIDRDEYhHi4XnF2JK7GFqSv4GEms/s320/pedro-ii.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<i>Enquanto D. Pedro dormia... a Monarquia caia. </i>Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-44421343794084764192019-11-09T06:09:00.001-08:002019-11-09T06:09:48.854-08:00Boas leituras<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTd1bTZ8_8SOMN8hwBAIki_-JlczwLR740OKu53N-mFcu7Mb5t9jGhsts5wnyrnIoZCuQ13KUFe7HyKxmkhRwzl3Xc4JkLHQ_0PO0-ect09T3jI1skYGBEvM_2g68q5kC69dw1LXsCI9s5/s1600/estatua-de-tamerlao-1102795.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="758" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTd1bTZ8_8SOMN8hwBAIki_-JlczwLR740OKu53N-mFcu7Mb5t9jGhsts5wnyrnIoZCuQ13KUFe7HyKxmkhRwzl3Xc4JkLHQ_0PO0-ect09T3jI1skYGBEvM_2g68q5kC69dw1LXsCI9s5/s320/estatua-de-tamerlao-1102795.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="m4485702784715541986gmail-msonospacing" style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><br /></span></div>
<div class="m4485702784715541986gmail-msonospacing" style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;">Fechei na sexta-feira o livro “O Novo Iluminismo”, de Steven
Pinker. Mais de 500 páginas em defesa da razão, da ciência e do humanismo. Foi
um presente de Odécio Lopes dos Santos. Eu já tinha pretensão de ler esse livro
por causa da aberta adversidade de Nassim Nicholas Taleb às ideias de Pinker.
Briga de cachorros grandes, como se diria em Cosmorama. Como a briga se situa
na esfera dos acadêmicos de Harvard é bom, como leitor, manter os dois pés
atrás.</span></div>
<div class="m4485702784715541986gmail-msonospacing" style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt;">Gosto da forma leve como Pinker escreve e gosto do humor
sarcástico de Taleb. O embate acadêmico deles é como uma pororoca de saber. O
conhecimento jorra linha a linha, às vezes sufocando quem os lê. “Cisne Negro”
e “Antifrágil”, ambos de Taleb, trabalham um viés de importância vital que
quase nunca levamos em conta: a pele em risco, eventos aleatórios e
assimetrias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="m4485702784715541986gmail-msonospacing" style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt;">Pinker, por seu lado, baseado em pesquisas, assegura que o
Iluminismo trouxe o progresso à humanidade e, em cima de dados e percentuais,
diz que nosso mundo atual é o melhor de todos os tempos. Também, nesta linha,
Johan Norberg lançou “Progresso – Dez Razões Para Acreditar no Futuro”. É menos
denso, mas não de menor importância, e nos convida a acreditar no futuro da
humanidade, apontando um dado bastante curioso: o século XX foi o menos violento
de todos, apesar de duas guerras mundiais e outras guerras igualmente brutais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="m4485702784715541986gmail-msonospacing" style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt;">Difícil acreditar, mas ele trabalha com os números e ajustes
populacionais e nos informa que Tamerlão, no século XIV, devastou a Ásia
Central e a Pérsia, matando, proporcionalmente, mais que Hitler, Stálin e Mao
juntos. A queda da dinastia Ming, no século XVII, teve o dobro de vítimas da
Segunda Guerra Mundial. A queda de Roma, entre os séculos III e V, não ficou
atrás.<o:p></o:p></span></div>
<div class="m4485702784715541986gmail-msonospacing" style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt;">Norberg e Taleb acrescentam outros raciocínios relevantes, como
a produção de alimentos e a superpopulação do mundo. Taleb é um inimigo
ferrenho de empresas como a Monsanto, por exemplo. No entremeio disso tudo, me
cai às mãos “Rápido e Devagar – Duas Formas de Pensar”, de Daniel Kahneman. É
uma leitura altamente instigante, propondo nos mostrar como essas duas formas
de pensar moldam nossos julgamentos e decisões. Estou lendo Kahneman por
influência de Laerte Teixeira da Costa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="m4485702784715541986gmail-msonospacing" style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt;">Comecei a ler Pinker meio a contragosto. Ele defende o humanismo
como caminho viável para a humanidade vencer o “fascismo light” e nova cara do
populismo como um movimento que está “numa estrada demográfica que leva a lugar
nenhum”. Tenho reservas com a filosofia humanista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="m4485702784715541986gmail-msonospacing" style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt;">Tanto Pinker quanto Norberg são enfáticos na defesa da
democracia liberal. O primeiro destaca duas questões relativas à felicidade
(positiva e negativa) como bens intrínsecos da população e, o segundo, assegura
que nações democráticas não invadem nem fazem guerra — — exceto os Estados
Unidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="m4485702784715541986gmail-msonospacing" style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt;">Estão aí, quatro boas obras para serem deglutidas no primeiro
semestre de 2019. E nem falei de Yuval Noah Harari, Richard Dawkins, Siddhartha
Mukherjee e Silvana Condemi com seu “Neandertal – Nosso Irmão”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="m4485702784715541986gmail-msonospacing" style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 11.0pt;">Ah, em tempo, Tamerlão ficou famoso pelo gosto bizarro de
construir pirâmides com crânios dos inimigos mortos.<o:p></o:p></span></div>
<br />Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-7544774282391776212019-04-19T12:15:00.003-07:002019-04-19T12:15:55.639-07:00MANIFESTO AOS SESSENTA<br />
<div class="MsoNoSpacing">
Daqui dois meses faço sessenta anos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Ontem, pensando nisso, fiquei muito triste, até mesmo
acabrunhado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Na minha cabeça, minha vida não havia valido a pena.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Fui dormir entristecido e tive um sonho. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Um sonho às margens de uma cachoeira linda, de águas
translúcidas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Conheço muitas cachoeiras, nunca havia visto uma igual. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Nesta cachoeira havia uma Vênus e um garoto. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Ambos nus e felizes. E havia eu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Talvez o garoto fosse eu mesmo. E a Vênus a vida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Talvez a Vênus fosse a junção das mulheres que me deram
seu amor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Maravilhosas mulheres que me ensinaram a viver.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Me ensinaram a chorar e a rir e a cantar e a sonhar...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Com cada uma delas eu aprendi alguma coisa boa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
E como diz o belo samba de Roberto Ribeiro:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
— Perdi a conta das mulheres que beijei.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Mas agora cheguei ao sessenta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
O sonho me mostrou a felicidade da infância.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Quanta liberdade desfrutei nos quintais cosmoramenses!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Penso que pouca gente teve uma infância tão livre.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Foi sim uma infância pobre e difícil, mas foi ela que me moldou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Moldou meu caráter, amalgamou em mim o sentido da gratidão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
A adolescência em Cosmorama foi a benção que Deus me deu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Meus amigos e eu crescemos longe das drogas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Tivemos uma formação lúdica, carregada de proteção
familiar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Comecei a trabalhar aos nove anos, vendendo verduras e
sorvetes,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Engraxando sapatos, capinando quintais e fazendo pães...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Limpando cadeiras de cinema e varando lona de circos!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Jogando biroca, nadando em córregos e brigando e
apanhando nas ruas!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Será que este tempo voltará um dia? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Jovem, fui ao footing, aos campos de futebol, às paqueras
nos bailes!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Levei tábuas e tombos, aprendi a beber e a fumar para me
enturmar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Na madrugada, ouvindo rádio na padaria, aprendi a amar o
samba.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Na roça, trabalhando de birolo (boia fria) aprendi a amar
a música caipira. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Com os amigos mais intelectualizados aprendi a amar a
MPB.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Nos livros, aprendi a amar a música erudita.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Ah... os livros. Eles salvaram a minha vida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Os livros estão na minha companhia desde os seis anos
quando ganhei uma Revista Jacques Douglas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Quem seria eu sem os livros?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Eles me ensinaram a falar e abriram as portas do mundo
para eu viver. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Daqui dois meses eu faço sessenta anos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
O sonho com a Vênus me mostrou muito mais que isso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Mostrou que a vida me deu muito mais do que eu pedi.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Como cantou Ataulfo Alves: eu era feliz e não sabia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Aliás, sou muito mais feliz do que penso que sou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
E foi assim que surgiu este manifesto ao som de O Poder
da Criação, de João Nogueira.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Sim. Sou feliz. Sou um homem com os pés em dois séculos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Eu vivi toda a transformação do mundo atual.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Eu vi televisão em preto e branco.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Escrevi em máquina de escrever;<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Fiz jornal em mimeógrafo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Cópias com papel stencil (é assim que escreve?).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Ah... mas isso são apenas recordações de saudosismo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Curto saudosismo apenas para contar histórias.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Eu sou isso: um contador de histórias.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Plantei árvores. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Tenho uma linda filha de inteligência ímpar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Conheço o Brasil do Monte Caburaí ao Arroio do Chuí.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Menti. Traí. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Assim como mentiram para mim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Traíram-me — em todos os sentidos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Amei e sei que fui amado. E não uma única vez.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Chorei e fiz chorar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Ri e fiz rir.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Ajudei e fui ajudado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Roubei e matei. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Roubei em estado falimentar quando criança.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Matei um homem atropelado numa noite de chuva.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
É uma nódoa que carrego na alma. E carregarei para
sempre.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Vivi e morri muitas vidas nesta vida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Corri riscos. Salvei pessoas. Fui salvo por pessoas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Fui católico praticante. E fui ateu. E depois voltei a
crer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Frequentei botecos, zonas de meretrício, restaurantes
chiques.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Partilhei momentos fantásticos neste caminho. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Deixei pessoas para trás, assim como também fui deixado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Estive entre os poderosos e entre os mendigos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Dormi em cinco estrelas e também em albergue noturno.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Lagosta, caviar, champange, talheres de prata e taças de
cristal,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Cabo-de-reio, meio arroz ou nada na marmita feita de lata
de goiabada...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Sonhei, sonho, sonharei...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Daqui a dois meses faço sessenta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
E sou daquelas pessoas que, de tanto viver, não se
enxergam.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Eu não me enxergo velho; não me vejo entregando os
pontos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Se a doença não me tolher o caminho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Se os acidentes não me virem por aí.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Se eu não esmorecer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Se Deus me permitir, tenho ainda quinze anos de vida útil
pela frente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
E quero fazer desses quinze anos uma vida em plenitude.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Efervescência. Florescência. Renascença. Tudo assim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Grandes projetos e sonhos maiores ainda.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Cinquenta em quinze.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Quero sim, e este é o manifesto:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Viver cinquenta anos em quinze.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Novos sonhos. Novos planos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Uma vida intensa e plena é o que quero.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
E Deus quer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
E aos amigos, eu digo: venham, bebam e comam comigo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Não tenham medo de serem felizes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Aos meus inimigos eu ouso escrever um palavrão: Fodam-se.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Vocês não pagam minhas contam nem colocam comida na minha
mesa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Mas, tanto aos amigos quanto aos inimigos, eu peço: vivam
e deixem viver.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
A vida é curta e como cantou Vinicius: não sabemos se tem
outra.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
19 de abril de 2019 – 15h58 <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<br />Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-36243039636343455082019-04-04T14:44:00.001-07:002019-04-04T14:44:12.308-07:00O cachorro preto<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfuUL9ke6qmmhTYIPLj0ygaKFJWMcoi2gs_6TaeHjwEwzQdJuTn8YGVLS0BW6TIBV0pZvwN2UgekHYl01j_MvZxpbTwNcYVdgzJ0PXny4BhyphenhyphenxEQxi1KcrqH3bmNZrlg0yxjIJNlV_1IFNV/s1600/c%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfuUL9ke6qmmhTYIPLj0ygaKFJWMcoi2gs_6TaeHjwEwzQdJuTn8YGVLS0BW6TIBV0pZvwN2UgekHYl01j_MvZxpbTwNcYVdgzJ0PXny4BhyphenhyphenxEQxi1KcrqH3bmNZrlg0yxjIJNlV_1IFNV/s1600/c%25C3%25A3o.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Recebi um vídeo sobre um cachorro preto que representa,
de forma artística, a depressão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Que horror é a depressão. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Que doença nefasta, que sordidez nossa mente produz! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
É difícil aceitar que a depressão surge de dentro, do
nosso mais recôndito âmago. A depressão é uma fruta podre no cesto de genes que
nos dão a vida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Dia desses perdi um primo para a depressão. Um jovem que se
aniquilou em vida. Teve sua alma acorrentada por essa tristeza sem fim. Nada
parece conter o fluxo infernal de depressão. É como se ela fosse realmente um
enorme cachorro preto aprisionado, amarrado, acorrentado ao nosso pescoço. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Mateus foi embora, jovem triste que na tristeza se
engolfou e nela se afogou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Não, eu não quero cair novamente neste lago de águas pútridas
e negras da depressão. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Quero amansar este cachorro preto e fazer dele um pinscher
dócil. Prometo solenemente amansar esse cão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Anseio pela vida. A vida em abundância. Quero andar,
correr, ver o sol nascer e ver o sol se por. Quero me distanciar das energias
ruins que me puxam para o lodo. Não quero mais chorar nem choramingar. Quero
erguer a cabeça e estufar o peito; colocar o queixo na altura adequada aos
homens de sucesso, nem para a arrogância nem para o coitadismo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Minha hora é agora e eu sou um homem de ação. Um homem de
ação não tem tempo para ficar lambendo feridas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como nos ensinou Dale Carnegie: um homem de
ação ocupa a mente fazendo coisas, trabalhando, produzindo, ajudando, fazendo a
roda da vida girar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Adeus, cachorro preto nunca mais. Se ele aparecer de
novo, vou colocar nele uma coleira e um cadeado e amarrá-lo bem longe do quintal
da minha alma.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<br />Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-62563927253191842112019-03-27T13:51:00.002-07:002019-03-27T13:51:17.006-07:00Exposição mostra igrejas no Riopreto Shopping<div style="color: #333333; font-family: Georgia, "Times New Roman", "Bitstream Charter", Times, serif; font-size: 16px;">
Teve início hoje, às 10 horas da manhã, exposição fotográfica baseada no livro sobre os 90 anos da Diocese de São José do Rio Preto, de autoria do jornalista e historiador Lelé Arantes. São cerca de 70 fotografias das paróquias rio-pretenses e outras cidades da região, como Adolfo, Bady Bassitt, Bálsamo, Cedral, Guapiaçu, Jaci, José Bonifácio, Mirassol, Monte Aprazível, Neves Paulista, entre outras. A exposição foi idealizada e preparada pelo publicitário Cyrineu Massucato Jr. Está distribuída em totens localizados na entrada interna do shopping.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, "Times New Roman", "Bitstream Charter", Times, serif; font-size: 16px;">
No sábado, a partir das 10 horas, será oferecido um café da manhã com autógrafos dos livros. A exposição permanecerá aberta ao público até o dia 30.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy9tZOif5LDfYcKfEn9-Cqs6cytK2HP4ZkpMSV4F9YIy6qkrFOHQf_ik6MWm3pCMUhQDaZqKvocJCEUSamzZErXggWWVXPG-zw3Opjs8AWztZhM-RbvvZEYB3yBIT-9MIVivvP9gs5KC_O/s1600/2a910f48-513c-41ad-a7e1-ff6448f4f01d.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy9tZOif5LDfYcKfEn9-Cqs6cytK2HP4ZkpMSV4F9YIy6qkrFOHQf_ik6MWm3pCMUhQDaZqKvocJCEUSamzZErXggWWVXPG-zw3Opjs8AWztZhM-RbvvZEYB3yBIT-9MIVivvP9gs5KC_O/s320/2a910f48-513c-41ad-a7e1-ff6448f4f01d.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, "Times New Roman", "Bitstream Charter", Times, serif; font-size: 16px;">
<span style="font-size: xx-small;">Foto mostra a disposição dos totens da exposição. (Joyce Piccoli)</span></div>
Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-50391467480649048262019-03-18T07:32:00.003-07:002019-03-18T07:32:36.378-07:00Coquetel de lançamento<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSocNaqNt_FiqNYAVhql10CIpuFbr73ZYlYlJGBZLHlYm0GDm2oSRTsVda8lYQyH0b9Sa1cMH5p1Ez0PwdhyphenhypheneqWflCwu9C8BwPV9aVUJmx_NOiO4AW64kLJO4n5AfQYQ3SU9mi-_DvtOQG/s1600/capa+diocese+2pequena.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="479" data-original-width="700" height="218" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSocNaqNt_FiqNYAVhql10CIpuFbr73ZYlYlJGBZLHlYm0GDm2oSRTsVda8lYQyH0b9Sa1cMH5p1Ez0PwdhyphenhypheneqWflCwu9C8BwPV9aVUJmx_NOiO4AW64kLJO4n5AfQYQ3SU9mi-_DvtOQG/s320/capa+diocese+2pequena.jpg" width="320" /></a></div>
<o:p></o:p><br />
<br />
Hoje, a partir das 19h30, faremos o lançamento do livro “História da Diocese de São José do Rio Preto – 90 Anos”, de nossa autoria em parceria com os jornalistas Donizete Della Latta, Marcelo Ferri e Michele Monte Mor. O livro, com 566 páginas, narra a história da diocese e das 70 paróquias que a compõe, além das instituições religiosas.<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
O lançamento acontece na Paróquia Menino Jesus de Praga, no bairro São Manoel, próximo ao Riopreto Shopping Center, com noite de autógrafos e coquetel. O evento contará com a presença do bispo diocese D. Tomé Ferreira da Silva, com entrada franca. O exemplar será vendido a R$ 100,00.</div>
Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-61305931834349957612019-03-09T13:51:00.004-08:002019-03-09T13:51:47.931-08:00Cruéis são os homens<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC1X69vrGUU89HFsjxmDKBVTg47tnxwzpFcz0oHk6KtFwwxkNCJ8E430oFwt0RO-YwLS0ZsgRxDO0x-NYdfm_O0r7JlLTOnjF5kFJ0jqCs2PnynTSlruorTLdNCa3U9ldBS27P1ZIJsEsK/s1600/0c6ab74c4317922817bbb5f1da283f87.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="361" data-original-width="500" height="231" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC1X69vrGUU89HFsjxmDKBVTg47tnxwzpFcz0oHk6KtFwwxkNCJ8E430oFwt0RO-YwLS0ZsgRxDO0x-NYdfm_O0r7JlLTOnjF5kFJ0jqCs2PnynTSlruorTLdNCa3U9ldBS27P1ZIJsEsK/s320/0c6ab74c4317922817bbb5f1da283f87.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Sandrinha, 16 anos, matou-se enforcada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ivanete, 16 anos, matou-se, cortando os pulsos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Leonice, 19 anos, após cinco anos de prostituição, “amigou-se”
com o camioneiro, e enforcou-se quando descobriu que estava grávida e o
parceiro não confiou na sua palavra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Eram minhas amigas e até hoje, quanto lembro delas, eu
fico com a impressão de que sou a única pessoa que lembra de suas existências.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Todas tiveram uma única motivação para buscar a morte
como um fim para o seu sofrimento: amar um homem e dele engravidar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O namorado da Sandrinha, arremedo de homem, fugiu para
São Paulo quando recebeu a notícia da gravidez. Era órfã dos pais, morava com a
avó, bastante idosa, e cuidava de um irmão menor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ivanete era uma menina criada no meio de uma ninhada de
irmãos falastrões, temidos como violentos. Engravidou, o namorado deu no pé e,
o medo de enfrentar os irmãos e o pai, a levou ao suicídio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Leonice, sozinha no mundo desde a mais tenra infância.
Sofreu todo tipo de abuso, tornou-se “biscate” como se dizia na época até ir
morar com um dos seus clientes. Quando ela engravidou, ele a desprezou. Brigaram
e ele foi viajar. Dias depois, os vizinhos sentiram o cheiro forte e chamaram a
polícia. Havia quatro dias que ela estava dependurada na ponta de uma corda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E me perguntam se sou a favor do aborto?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Acho que nenhum homem está preparado para tomar posição
nesta questão. Porque nós, na maioria absoluta das vezes, somos os causadores
desse tipo de tragédia, porque somos covardes, inumanos e cruéis com as
mulheres. Seduzimos, usamos e fugimos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ontem fez 43 anos que Sandrinha foi encontrada morta,
pendurada numa tira de pano de lençol. Prestes a completar 16 anos, eu ajudei segurar
seu corpo quando o policial cortou a tira. E até hoje não consigo segurar as lágrimas
quando sua imagem me vem à memória, seu rosto infantil e seu sorriso inocente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Talvez, se elas tivessem tido o direito de abortar, elas
estariam aqui, teriam construído uma família; teriam tido uma segunda chance. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Os calhordas vagabundos que as engravidaram fugiram
dentro do anonimato. A pergunta que eu me faço é: será que eles conseguiram
dormir e tocar a sua vida como se nada tivesse acontecido?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>O título eu roubei de um filme de 1970, <span style="background: white; color: #222222;">Skullduggery,</span>
com Burt Reynolds e direção de Gordon Douglas, baseado no romance de <span style="background: white; color: #222222;">Les
Animaux Dénaturés, de Jean Bruller</span>.</i><o:p></o:p></span></div>
<br />Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-35085624903750047752019-03-06T14:29:00.000-08:002019-03-06T14:29:01.056-08:00Eutanásia<br />
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Não, não, não!</div>
<div class="MsoNoSpacing">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Não sou contra não.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Se tenho direito de viver,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Por que não tenho o direito de morrer?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Morrer quando eu querer (quiser!!!)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Morrer como eu desejar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Morrer sem dor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Morrer morrendo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Não, o estado, o big brother, o grande olho<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Não permite.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Não permite que eu morra pelas próprias mãos <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Mas permite que me matem<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
De fome<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
De doenças<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
De indiferenças<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
De amor<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Ah! O amor mata.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Mata sim. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Wir heissen euch hoffen.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Não, Simmel. Amar é morrer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
A eutanásia é só um atalho<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Para o paraíso ou para o inferno.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Quem sabe!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Poesia de<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing">
<b>Antonio Altino</b></div>
<br />Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-8079083007838860262019-03-03T13:14:00.004-08:002019-03-03T13:14:36.447-08:00Carnaval no Dai Dai Cucina e Bar, na Andaló com Marechal Deodoro. Sábado de carnaval. Nada aqui lembra carnaval. A música é eletrônica e os cheiros misturam hortelã, maracujá e vodca ou gin ou rum... Continua sendo um bar. Um excelente bar com gente jovem nos servindo. A clientela é bem diversificada, porém com muita gente bonita.<br />
Me sinto no Harry’s que Hemingway narra em um de seus livros ambientados em Veneza. Mas aqui não é Veneza. Só quando chove muito e a avenida Andaló inunda. Um arremedo grosseiro dos canais venezianos. O que me lembra o Veneziano, médico dermatologista que foi vereador. José Raymundo Veneziano, um pouco mais careca que eu. Dono de um belo bigode e de uma boa cultura política. Na política sempre militamos em campos opostos. Ele era de direita radical; e eu, da esquerda festiva, com pendores para uísque escocês (Cardhu, se possível ou qualquer malte uísque), caviar russo e champanhe francês. Todavia, me contentava com um bom filé à parmegiana do San Remo.<br />
Aqui no Dai já foi Berolli, jornal BomDia, foi Pratic, foi Mix e já foi uma linda casa de muros amarelos que esparramavam verde sobre a calçada da avenida. Velhos tempos de quando a Andaló era point dos desfiles da moçada, pessoas de carros e motos fazendo as vezes de footing, o lugar da paquera. A Andaló era glamurosa.<br />
De onde estou vejo todo o bar. Não são mais os trepidantes anos de 1980, época em que mal tínhamos um bom chope Antarctica... hoje temos cervejas artesanais. Chope Heineken, Amstel, Brahma e até Stella Artois! Os objetivos continuam os mesmos que é mostrar-se e ser mostrado. Queremos o mesmo de ontem: amar e ser amado. Como isso é tão difícil.<br />
Observo o movimento. Vitória e Lucas fazem os drinques. Lindos drinques. Ele parece um maestro; ela é uma porta-bandeira. Vejo neles uma sintonia que está acima da divisão de espaço de trabalho. Há uma química linda entre eles. Bianca, Larissa, Paulo, Felipe, duas Julianas na falta de uma, Natália fazendo os doces, Fernanda tocando a cozinha... só pessoas lindas e dispostas ao trabalho.<br />
Beberico meu chope enquanto meus olhos de jornalista tudo observam para alimentar a alma do historiador sentado ao balcão como um cliente apátrida e à parte.<br />
E peço outro Heineken com três dedos de colarinho. Afinal, é sábado de carnaval. Sinto falta dos meus novos companheiros da noite: Eduardo e Camila. Ele está com dengue; ela foi namorar e eu estou dodói de uma saudade perpétua.<br />
Enquanto o sono não chega e o chope não sobe, eu escrevo e me mergulho na saudade dos tempos antigos (trinta anos) e aspiro o cheiro gostoso da hortelã com vodca Absolut... peço outro chope e curto essa saudade perpétua que não sai de mim nem a fórceps.<br />
<br />Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-10185685266694335202019-02-24T11:25:00.000-08:002019-02-24T11:26:34.943-08:00Eles e nós:<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<i>Por Lelé Arantes</i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy1YtwO-6QaZNNBdQnEgsAPxKC1DsQi0jtgDy7Pc3SkWXSmkbTRCMbF51tSo1SW0v1U46OJSuknifHgBjVg4JHgQoA8iQfs8ZEUZfl9FPMeiY3bdv-dpPTDHyTenqT5KM5vZoQkJ9ujCuo/s1600/IMG_4795.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="606" data-original-width="480" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy1YtwO-6QaZNNBdQnEgsAPxKC1DsQi0jtgDy7Pc3SkWXSmkbTRCMbF51tSo1SW0v1U46OJSuknifHgBjVg4JHgQoA8iQfs8ZEUZfl9FPMeiY3bdv-dpPTDHyTenqT5KM5vZoQkJ9ujCuo/s320/IMG_4795.jpg" width="253" /></a></div>
<br />
<br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Pense comigo.<br /><br />O que seria nosso mundo há 4 ou 7 milhões de anos?<br /><br />Nessa época, segundo Richard Dawkins, viveu nosso 250.000º avô. Foi nessa época que encontramos nossos primos — ou seriam nossos irmãos? — chimpanzés.<br /><br />Onde e como foi este encontro? Com certeza nos confins da África Subsaariana.<br /><br />De um lado, chegando ao ponto de encontro, os hominídeos (ou seja, nós) e do outro, os chimpanzés que, 2 milhões de anos antes, tiveram seu encontro com os bonobos.<br /><br />Houve uma grande guerra entre eles e nós ou, num linguajar chulo, uma grande suruba? Tomamos as fêmeas um dos outros à força? Aconteceu um carnaval de estupros e uma matança sem igual entre os machos? Ou simplesmente todos nós nos encantamos uns com os outros?<br /><br />Certamente éramos peludos como eles e vivíamos ainda saltitando de galho em galho.<br /><br />Que gene prevaleceu neste encontro? Richard Dawkins afirma que “Nós é que somos os singulares entre os grandes primatas, tanto vivos como fósseis”.<br /><br />Após esse encontro, seguimos nosso caminho para a evolução, enquanto nossos primos-irmãos chimpanzés seguiram a linearidade. Teria sido neste momento que perdemos um cromossomo e ganhamos um polegar?<br /><br />Ler o livro A Grande História da Evolução, de Richard Dawkins, é uma aventura que, como ele usa no subtítulo, nos coloca “na trilha dos nossos ancestrais”.<br /><br />Leitura obrigatória para quem quer dar o primeiro passo para fazer sua árvore genealógica; pode ser que você não queira saber de onde está vindo. </span>Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-19644579138927440762019-02-04T05:22:00.004-08:002019-02-04T05:22:51.438-08:00Laboratório do céu<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUS7KyrufjHn1jhN_FapgNcX3_dfhsNAKwNxM3oW7appNLVWlbS0nwdOlali4zaxqqK4iz6zvFdqBCPLG6DZZL72knrsUCiKChqYYlbw8QW8d5wUMR4-SctqPD26dPIbvLkuZMKfTyY35g/s1600/Skylab_Paved_Way_for_International_Space_Station-1080x494.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="494" data-original-width="1080" height="182" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUS7KyrufjHn1jhN_FapgNcX3_dfhsNAKwNxM3oW7appNLVWlbS0nwdOlali4zaxqqK4iz6zvFdqBCPLG6DZZL72knrsUCiKChqYYlbw8QW8d5wUMR4-SctqPD26dPIbvLkuZMKfTyY35g/s400/Skylab_Paved_Way_for_International_Space_Station-1080x494.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /><br />Foi um ano muito bom aquele de 1979.<br /><br />Um dos poucos que passei empregado o ano todo. Também foi o ano que o Skylab caiu. Talvez seja a primeira palavra que aprendi a falar em inglês: “iscailabi”.<br /><br />Como foi chique aquele mês de julho com a gente olhando para os céus torcendo para cair um pedaço do Skylab em Cosmorama.<br /><br />Seria notícia internacional.<br /><br />Os comentários sobre a queda da geringonça espacial tomaram conta do imaginário popular, apesar de a vida ter continuado como se nada estivesse acontecendo. Nada estava acontecendo mesmo. Como diria o Gureba, nada abalava a tranquilidade da mesmice maravilhosa de Cosmorama. Nem a sucata gringa que vinha do espaço.<br /><br />De lembrança do Skylab ficou um boteco que levou este nome por algum tempo em Cosmorama. Depois, veio o esquecimento.</span>Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-16277329019823056702019-01-26T00:44:00.004-08:002019-01-26T00:44:38.793-08:00Um homem muito simples<h2>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large; font-weight: normal;">Foi uma noite bastante escura em Brasília.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large; font-weight: normal;"><br /></span></div>
<span style="font-size: large; font-weight: normal;"><div style="text-align: justify;">
Estávamos convidados para uma reunião com o senador José Sarney. Na pauta, a velha política maranhense. Seria uma reunião que poderia inclusive rolar um uísque ou uma cerveja, quem sabe. Final de expediente, cerca de oito horas da noite. Não tínhamos a mínima ideia de que como seria a recepção.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><span style="font-size: large; font-weight: normal;"><div style="text-align: justify;">
Um segurança nos recebeu na porta e nos colocou numa sala enorme. Construção rústica, como uma casa grande de fazenda emergida do século XVIII. A sala, que era realmente grande, estava atulhada de quadros, estatuetas e estátuas. Obras de arte, centenas delas. Caríssimas. Havia um único velho sofá de couro verdadeiro encostado na parede sob um quadro que lembrava Monet. Talvez até fosse. O sofá para duas pessoas; com ele, seriam quatro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><span style="font-size: large; font-weight: normal;"><div style="text-align: justify;">
Percorri a sala com olhos ávidos. Havia ali várias telas de artes sacras e uma mesa quadrada também bastante grande e envelhecida, feita de madeira maciça. Fiquei pensando se era mogno ou quem sabe jacarandá.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><span style="font-size: large; font-weight: normal;"><div style="text-align: justify;">
Não tive muito tempo para vasculhar as obras. Logo chegou o senador José Sarney num impecável terno preto e sapatos brilhantes. Dava a impressão de que acabara de se levantar para ir ao Senado. Ele se sentou no sofá e cruzou as pernas. Virou-se para nós e disse, com uma sinceridade singular: — eu sou um homem de hábitos muito simples.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><span style="font-size: large; font-weight: normal;"><div style="text-align: justify;">
Ouvi aquela frase e fiquei esperando um leve sorriso por debaixo do bigode. Não veio. Assim como não veio sequer um copo de água gelada para os visitantes. Nem mesmo um cafezinho. A conversa foi rápida e vazia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><span style="font-size: large; font-weight: normal;"><div style="text-align: justify;">
Estávamos diante de um homem de hábitos muitos simples.</div>
</span></h2>
Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-89477629358244540372019-01-14T14:33:00.002-08:002019-01-14T15:15:34.160-08:00O COMEDOR DE LETRAS<div class="separator" style="clear: both;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: left;">
por Lelé Arantes</div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqh1LUa5LdMk2QntUXasIEtolcPI6VIMFpYU33BCA7sLnVyBU46zdstrHcvN6jrtyem98M74KmXTVbLneiHZZgdXD-DH1Dr3y0HXXmVClzh0KYAuyVPMZ5C679lXbvmoDwJCB4_3oELIX4/s1600/pronuncia.jpg"><img border="0" height="117" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqh1LUa5LdMk2QntUXasIEtolcPI6VIMFpYU33BCA7sLnVyBU46zdstrHcvN6jrtyem98M74KmXTVbLneiHZZgdXD-DH1Dr3y0HXXmVClzh0KYAuyVPMZ5C679lXbvmoDwJCB4_3oELIX4/s400/pronuncia.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Dia desses uma amiga perguntou porque parei de escrever.<br /><br />Ou, porque escrevo menos do que escrevia antes.<br /><br />Inventei uma desculpa qualquer, algo como ter perdido a inspiração; estar cansado ou, pior ainda, não ter assunto. Ela ficou indignada. Como, um homem que viaja tanto, que conhece todos os estados brasileiros, todas as capitais, não tem assunto para escrever? Fiquei aporrinhado com a interpelação, mas admito que ela mexeu comigo.<br /><br />Houve um tempo que escrever era uma necessidade quase fisiológica. Assim como ler. Até hoje tenho lembrança da alegria que tomou conta de mim quando, pela primeira vez, li uma história completa. Era uma fotonovela e o herói se chamava Jacques Douglas. Um espião. Uma estória de espionagem ambientada em Nairóbi. Esse nome, Nairóbi, ficou grudado na minha mente como visgo, por muito tempo. Eu queria conhecer Nairóbi. Cresci com a ideia de que um dia iria andar pelas ruas de Nairóbi. Um devaneio que se foi apagando no tempo, atropelado pelas peripécias da adolescência e as necessidades do sobreviver.<br /><br />Ler, ler, ler... ler era tudo o que queria. Antes de escrever, nasceu a vontade de ler. Lia gibis, jornais, livros, recortes. Tudo que se podia ler, eu lia. Algumas palavras me atormentaram por longos anos. Eu as lia, mas não sabia como pronunciá-las. Algemas, por exemplo. Por causa de uma novela chamada Algemas de Ouro. Para mim, eram “alguemas”, mas tinha vergonha de pronunciar e errar. Cônjuge era um palavrão sem tamanho. Como podia existir uma palavra tão disgramada! <br /><br />Aos poucos fui aprendendo a ler, a decifrar as palavras. Quando, anos mais tarde, li o conto “As Leopardas”, de Roberto do Valle, me senti como aquelas crianças da ficção caçando palavras junto com o pai; caçando as leopardas. As palavras difíceis eram as leopardas. Fiquei tão encantado com o conto que escrevi uma crônica na Folha de Rio Preto, dizendo que Roberto era o Joyce rio-pretense. É que naqueles dias eu havia devorado Dublinenses. <br /><br />Pior era a minha fala.<br /><br />Eu tinha uma enorme deficiência para pronunciar palavras com s, f, ch, x...<br /><br />Então, ler foi uma forma de corrigir a deficiência. Ler em voz alta como aconselhou o Doutor Miguel, de Mirassol. Minha mãe me levou para uma consulta. Saiu lá de Cosmorama e foi até Mirassol, de ônibus, para o médico me olhar. Ele foi curto: “quando ele entrar na escola e aprender a ler, ele sara”. E foi isso que aconteceu, sem antes eu ganhar o apelido de Lelé. Coisa do Paulo Féboli, que escreveu Lele na minha testa, numa brincadeira dos “grandões” no terreirão da máquina de arroz do pai dele, o seo Hermínio.<br /><br />A leitura me ajudou. Deixei de comer as letras. Café era caé. Feijão era eijão. Faca era aca. Futebol era utebol. Salsicha era impronunciável. Talvez algo como au-i-a.<br /><br />De repente, um mundo novo se abriu e café era café. Pronto. Mas o apelido já tinha colado. De Toninho para Lelé. A aventura de comer letras teve seu fim, sem antes o Alcides do açougue correr atrás de mim, ameaçando me dar uma surra, porque cheguei no balcão e falei, na maior inocência: — ...eo Al...ides, meu pai mandou o ...enhor me dar um quilo de ponta de peito e meio quilo de a...ém moído!<br /><br />Foi um tropel.<br /></span>Legenda: Foto extraída 14/1/2019, às 20h12, do site <a href="http://acervo.plannetaeducacao.com.br/portal/impressao.asp?artigo=2672">http://acervo.plannetaeducacao.com.br/portal/impressao.asp?artigo=2672</a>, do artigo “As multi faces da pronúncia”, de Rodolfo Mattiello. Leitura recomendada.Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-35103858481550109692018-05-21T08:10:00.002-07:002018-05-21T08:10:29.463-07:00A NAÇÃO ROTARIANA<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiT3kqpwFWIg_sLfGYdths8SH9PM6uDx0rqgf0Vg1FO0xyKLAovvERYh2zq8J2TzNrKU_DzFOKenPfyrvQJZIodu7iE2Ohyphenhyphen5hyGEr0yW9QeqhAXRJvBjzLATDMKvT4la0xAsphpfQ76Lzpw/s1600/2013-0504-Paul-Harris-Dinner.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1086" data-original-width="1361" height="255" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiT3kqpwFWIg_sLfGYdths8SH9PM6uDx0rqgf0Vg1FO0xyKLAovvERYh2zq8J2TzNrKU_DzFOKenPfyrvQJZIodu7iE2Ohyphenhyphen5hyGEr0yW9QeqhAXRJvBjzLATDMKvT4la0xAsphpfQ76Lzpw/s320/2013-0504-Paul-Harris-Dinner.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-size: large;"><i style="font-size: medium; text-align: left;"><br /></i></span>
<span style="font-size: large;"><i style="font-size: medium; text-align: left;"><br /></i></span>
<span style="font-size: large;"><i style="font-size: medium; text-align: left;">Em memória do companheiro Rubens Santana Thevenard</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Como unir pessoas de sete continentes em torno de um ideal de servir, aonde ao invés de receber, as pessoas pagam para trabalhar?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Um homem conseguiu isso. Acredito que ele é o maior líder do século 20.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Está muito acima de Gandhi, de Mandela, Churchill, Roosevelt, Eisenhower, De Gaulle, Vargas, Lênin...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Este homem é Paul Percy Harris.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Este estadunidense de Wisconsin, tinha 37 anos quando, juntamente com os amigos Silvester Schiele, Hiram Shorey e Gustavus Loehr fundou o Rotary Club. Uma ideia simples e genial: reunir pessoas que, como ele, haviam dado duro na vida para conseguir uma profissão respeitável, crescendo à força de suas próprias habilitações.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Paul teve uma infância complicada e foi criado pelos avós, por causa da vida desregrada dos pais e, segundo a Wikipédia, “era o terror da pacata cidade de Wallingford, Vermont, e acabou expulso de duas escolas superiores”. Racine, sua cidade natal, tinha nove mil habitantes em 1870. Ele nasceu em 1868, num ano bissexto — se isto vale para alguma teoria. Hoje, a cidade de Wallinsgford não tem 2.100 habitantes. Quantos habitantes teria quando o jovem Paul esteve por lá?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Formou-se em Direito aos 23 anos, em 1891. Consta que após a formatura gastou cinco anos de sua vida percorrendo os Estados Unidos, trabalhando em várias coisas, como repórter, cowboy (peão de fazenda de criação de gado), professor, porteiro de hotel, vendedor de granito e até como marinheiro. Eu, sinceramente, não consigo imaginar Paul Harris vestido de marinheiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Mudou-se para Chicago em 1896, aos 28 anos. Foi em Chicago que, numa noite, caminhando com um amigo, surgiu a centelha divina: aquela ideia única, aquele insight que passa pela mente como o clarão de uma estrela cadente. Fundar um clube de amigos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Ele pode colher em vida os frutos de sua ideia maravilhosa. Ao fundar o clube, ele mudou seu estilo de vida, tornou-se um homem pacato, tranquilo, tolerante e desafiador. Esteve em cinco continentes, foi recebido por reis, rainhas, presidentes, governadores! Casou-se em 1910, aos 42 anos, com a escocesa de Edimburgo, Jean Thomson, de quem foi marido exemplar. Viveu o resto de seus dias com ela. Morreu em 1947; ela morreu em 1963.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Daquele passeio noturno ao lado de um colega de escritório surgiu a maior instituição de serviços ao próximo que existe no planeta. Uma ideia que se alastrou rapidamente. Em menos de 12 anos já existiam clubes em seis continentes. Hoje, o Rotary está em 219 países, com 35.814 clubes congregando mais de 1,2 milhão de pessoas que cultivam o ideal de servir.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Nunca uma ideia chegou tão longe, juntando em torno de um ideal tantas pessoas de etnias diferentes, religiões e doutrinas políticas tão díspares, de camadas socioeconômicas tão variadas e, principalmente, de culturas tão diversas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Nada, excetuando duas ou três religiões, chegou a tantos povos e nações, conquistando milhares de corações em nome do companheirismo, da amizade, do amor e do ato de doar-se ao próximo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Não vou discorrer sobre projetos, como a erradicação da poliomielite, para não cansar o leitor. Nem vou divagar sobre o fato de o Rotary ser a única instituição com assento permanente na ONU. Nós somos a Nação Rotariana.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Na minha humilde opinião de cosmoramense, Paul Harris é a maior expressão da humanidade do século 20.</span></div>
Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5956810170989970840.post-90313777689512948902018-05-14T17:53:00.002-07:002018-05-14T17:53:29.853-07:00Toquinho me disse não!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5OIsb_MJV7LlwgkHEd37eT0GJI9Y0opA5YvBizvBYpn4UYIN851R-Y8gNCDRXeb9ZZSgHVk0MCWUKtKHok4t-aauDUkmVOhlIOqX2AYZd34VoZ0U2s7F8OgjKV7YkkGwAm7Bj7YQANnv3/s1600/toco.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="518" data-original-width="545" height="304" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5OIsb_MJV7LlwgkHEd37eT0GJI9Y0opA5YvBizvBYpn4UYIN851R-Y8gNCDRXeb9ZZSgHVk0MCWUKtKHok4t-aauDUkmVOhlIOqX2AYZd34VoZ0U2s7F8OgjKV7YkkGwAm7Bj7YQANnv3/s320/toco.png" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Era um domingo, por volta de duas da tarde. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Voltávamos de uma viagem a Vitória e fizemos a habitual conexão no aeroporto de Congonhas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Ainda havia o restaurante no andar de cima, com uma excelente salada de salsão que eu adorava. Havia tempo e resolvemos almoçar. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Estávamos em meia dúzia de pessoas e sentamo-nos ruidosamente numa mesa redonda. De repente um amigo alertou: “gente, o Toquinho está almoçando na mesa ao lado”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Eu, atrevido e cheio de euforia, disse que ia pedir um autógrafo. Era fã da música dele. Olhei para trás e o vi. Ele e mais dois homens, bebericando chope, comendo e proseando. Esperei acabarem de comer e me arrisquei. Todo mundo olhando; meus amigos me zoando, dizendo que ele não daria o autógrafo. “Esse cara é uma moça de tão educado”, argumentei. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Aproximei da mesa e os três me olharam como se eu fosse um ET. Um frio apertou-me a boca do estômago. Não tinha como recuar. Pedi o autógrafo e o Toquinho, ele mesmo, o Toquinho cantor, me olhou com certa dose de comiseração e lascou: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">— Sabia que é “demodê” pedir autógrafos em restaurante? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Perdi o chão. Senti um vácuo fazer vórtice dentro do meu cérebro. Um palavrão seguido de série de impropérios se formou na minha mente como um impetuoso tornado caribenho mas, antes que eu abrisse a boca, ele parece ter notado meu desconcerto, e disse que depois me daria o autógrafo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Não sei como regressei à mesa. Não sei se ria ou se chorava ou se voltava lá e... </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Os risos cessaram. Um silêncio tomou conta da mesa. Meus amigos tentaram ser solidários. Um deles me disse: “não julgue a obra dele; ele é apenas um ser humano como todos nós”. Eu engoli o orgulho, a vaidade, o ego, a raiva, a ira. E disse para mim mesmo que nunca mais iria ouvir nada daquele “demodê” imbecil. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Passado uns dias, estava num bar quando a voz dele surgiu cantarolando: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><i>Eu, quantas vezes</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><i>Me sento à mesa de algum lugar</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><i>Falando coisas só por falar</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><i>Adiando a hora de te encontrar... </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">A melodia chegou ao coração e naquele momento eu pensei: “que se dane o homem Toquinho. Vou ficar com a obra dele”. E deixei minha alma voar naquela melodia linda dele, de Vinícius e Carlinhos Vergueiro. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Em tempo: ele não me deu o autógrafo e nem eu o cobrei. Continuo gostando da obra dele, que é o que o ser humano saber fazer de melhor. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Lelé Aranteshttp://www.blogger.com/profile/08785833701440812042noreply@blogger.com0