segunda-feira, 21 de maio de 2018

A NAÇÃO ROTARIANA



Em memória do companheiro Rubens Santana Thevenard

Como unir pessoas de sete continentes em torno de um ideal de servir, aonde ao invés de receber, as pessoas pagam para trabalhar?

Um homem conseguiu isso. Acredito que ele é o maior líder do século 20.

Está muito acima de Gandhi, de Mandela, Churchill, Roosevelt, Eisenhower, De Gaulle, Vargas, Lênin...

Este homem é Paul Percy Harris.

Este estadunidense de Wisconsin, tinha 37 anos quando, juntamente com os amigos Silvester Schiele, Hiram Shorey e Gustavus Loehr fundou o Rotary Club. Uma ideia simples e genial: reunir pessoas que, como ele, haviam dado duro na vida para conseguir uma profissão respeitável, crescendo à força de suas próprias habilitações.

Paul teve uma infância complicada e foi criado pelos avós, por causa da vida desregrada dos pais e, segundo a Wikipédia, “era o terror da pacata cidade de Wallingford, Vermont, e acabou expulso de duas escolas superiores”. Racine, sua cidade natal, tinha nove mil habitantes em 1870. Ele nasceu em 1868, num ano bissexto — se isto vale para alguma teoria. Hoje, a cidade de Wallinsgford  não tem 2.100 habitantes. Quantos habitantes teria quando o jovem Paul esteve por lá?

Formou-se em Direito aos 23 anos, em 1891. Consta que após a formatura gastou cinco anos de sua vida percorrendo os Estados Unidos, trabalhando em várias coisas, como repórter, cowboy (peão de fazenda de criação de gado), professor, porteiro de hotel, vendedor de granito e até como marinheiro. Eu, sinceramente, não consigo imaginar Paul Harris vestido de marinheiro.

Mudou-se para Chicago em 1896, aos 28 anos. Foi em Chicago que, numa noite, caminhando com um amigo, surgiu a centelha divina: aquela ideia única, aquele insight que passa pela mente como o clarão de uma estrela cadente. Fundar um clube de amigos.

Ele pode colher em vida os frutos de sua ideia maravilhosa. Ao fundar o clube, ele mudou seu estilo de vida, tornou-se um homem pacato, tranquilo, tolerante e desafiador. Esteve em cinco continentes, foi recebido por reis, rainhas, presidentes, governadores! Casou-se em 1910, aos 42 anos, com a escocesa de Edimburgo, Jean Thomson, de quem foi marido exemplar. Viveu o resto de seus dias com ela. Morreu em 1947; ela morreu em 1963.

Daquele passeio noturno ao lado de um colega de escritório surgiu a maior instituição de serviços ao próximo que existe no planeta. Uma ideia que se alastrou rapidamente. Em menos de 12 anos já existiam clubes em seis continentes. Hoje, o Rotary está em 219 países, com 35.814 clubes congregando mais de 1,2 milhão de pessoas que cultivam o ideal de servir.

Nunca uma ideia chegou tão longe, juntando em torno de um ideal tantas pessoas de etnias diferentes, religiões e doutrinas políticas tão díspares, de camadas socioeconômicas tão variadas e, principalmente, de culturas tão diversas.

Nada, excetuando duas ou três religiões, chegou a tantos povos e nações, conquistando milhares de corações em nome do companheirismo, da amizade, do amor e do ato de doar-se ao próximo.

Não vou discorrer sobre projetos, como a erradicação da poliomielite, para não cansar o leitor. Nem vou divagar sobre o fato de o Rotary ser a única instituição com assento permanente na ONU. Nós somos a Nação Rotariana.

Na minha humilde opinião de cosmoramense, Paul Harris é a maior expressão da humanidade do século 20.

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