segunda-feira, 4 de março de 2013

YOANI E O TALVEZ



Ainda estou estonteado com a visita da blogueira cubana Yoani Sánchez ao Brasil. Por que tamanha polêmica? Se ela é agente da CIA ou não pouco importa. Fez-se muito barulho por nada. Os opositores da família Castro continuam nas masmorras e o paredón continua comendo quente quando o gobierno de Fidel se sente minimamente ameaçado. Fuzila mais um ai que eles calam a boca por alguns meses. E ponto final. E assim, de projétil em projétil os hermanos Castros continuam mandando e desmandando. 

Yoani é um produto do anticomunismo norte-americano. É financiada pela CIA. Tem suas viagens pagas pelo ouro de Washington. Portanto, ela é simplesmente uma imperialista fabricada pela imprensa dos Estados Unidos e se encontra agora arregimentando forças para depor a família ditatorial que desde 1959 toma conta de Cuba.

É mesmo?

Oba! Vai ter nova revolução na Sierra Maestra!

Desta vez é a coronela Yoani quem vai dar as cartas. Mas quem será seu Camilo Cienfuegos? Quem será seu “Che” Guevara? É preciso um líder estrangeiro para fazer o serviço sujo. Era o destemido argentino “Che” quem decidia os fuzilamentos nos primeiros meses após a tomada de Havana.

“Che” era um Deus até quando Fidel permitiu. Quando “Che” começou a querer botar sua cabeleira e bigodeira pra fora, Fidel pensou: “o que farei com este Hermano?”. Forjar um acidente? Acusa-lo de alta traição? Mas traição a quem se ele não era cubano? Ah, vou manda-lo fazer la revolución em Africa. E lá foi o grande herói para as matarias do Congo.

Mas o Congo era um inferno verde e ninguém lá falava espanhol. Que saco. Aquele calor não era nada bom para o asmático “Che”. Fidel o trouxe de volta e o enviou para fazer revolução na Bolívia, bem mais perto de sua terra natal. Imagina Fidel enviando o corpo de “Che” após um sumário fuzilamento no paredón cubano? Morrer na floresta boliviana foi bom para o “Che”. Virou ídolo, virou ícone. Temos mais camisetas no Brasil com a cara do “Che” do que com a de Tiradentes ou a de Luiz Carlos Prestes, o cavaleiro da esperança.

Agora vem essa Yoani pra tirar o soninho do bom velhinho cubano!

Durante muito tempo o regime de Fidel foi literalmente bancado com o ouro de Moscou. Tudo vinha de Moscou, da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A velha e temida URSS. Cansamos de ver filmes de Hollywood fazendo personagens russos patéticos e idiotas. Era a tenra guerra fria. Espiãs lindas de Moscou sendo traçadas sexualmente por lindos espiões dos EEUU (como escrevia antigamente o Estadão) ou dos EUA (como grafava a Folha). Os espiões russos sempre se danavam. Rudes, grosseiros, hilariantes e atrapalhados. Sempre perdiam. Morriam por dúzias. Até 007 andou excursionando com sucesso pelas imbecilidades soviéticas. Mas Fidel quase provocou a terceira guerra mundial quando os navios soviéticos se aproximaram do Caribe com seus mísseis e ogivas nucleares. Kennedy se viu em maus lençóis.

Até hoje funciona contra Cuba o bloqueio econômico imposto pelos EEUU/EUA. Os americanos dos EUA tem medo de uma invasão cubana, mesmo depois FDA queda do muro de Berlim.

E tem Guantanamo. Como será que foi tratado que eles fizeram sobre isso? Até hoje o mundo se pergunta como é que os EUA mantém uma base militar em Cuba e não invade aquela ilha e acaba com a brincadeira?

Yoani deve saber. Ela sabe tudo. Eu acho que ela está no Brasil para apoiar o Rede da Marina Silva. Não é que elas até se parecem?

Engana-se quem pensa que ela é agente da CIA. Ela pode ser gente da CIA, mas agente não. Penso que ela é a apanhadora no campo de laranja. Isto é: ela está tacando pedra na fruta madura, que está pronta pra cair. O regime de Cuba está podre, está caindo de maduro. Yoani está sendo transformada em heroína e já sonham com ela na presidência de Cuba democraticamente eleita com dinheiro de Washington, Las Vegas, Miami e Atlantic City.

Será que Eduardo Garcia More e outros dissidentes e opositores vão aceitar isso passivamente? Creio que não será tão fácil assim.

Havana voltará a ser o que era: um grande cassino dos milionários excêntricos do país vizinho.

Aliás, os homens que vão a Cuba, solteiros, trazem notícias alvissareiras para os turistas sexuais. Dizem que as mulheres se oferecem nos arredores dos hotéis e até dentro dos hotéis. Mulheres lindas cobrando de cinco a dez dólares por transa. Este é socialismo de Fidel ou o imperialismo do Tio Sam? Pelo menos, com o capitalismo, elas vão poder cobrar um preço melhor.

Lembro-me dos anos 90 quando a TFP coletava assinaturas para a independência da Lituânia, então uma pequena república soviética querendo se libertar e sair da Cortina de Ferro. Pois é. A TFP era anticomunista e estava fazendo o seu papel: ajudando uma nação a cair fora do comunismo soviético. O mesmo acontece no Brasil que recebeu Yoani.

Ver Ronaldo Caiado recepcionando a blogueira cubana foi historicamente hilário. Ver alunos do potentado USP/PUC ou Pucusp (como gosta de citar Reinaldo Azevedo) é hilariante. Esses bobocas estudam as expensas do erário e se acham o suprassumo da inteligência nacional. Quem eles pensam que estão defendendo quando tentam agredir Yoani Sánchez? Defendendo Fidel Castro e seu regime moribundo e putrefato?

Penso que o grande desafio de Yoani é o revisionismo político latino-americano. Desmitificar as esquerdas, penalizar a direita por seus crimes e fortalecer a democracia. Talvez, ela seja uma ponta do fio de Ariadne para nos levar à reflexão sobre o papel da imprensa, o papel das ideologias e o papel dos nossos governantes que hoje se encontram engolfados num mar de corrupção de mamando a caducando. Talvez. Há um grande TALVEZ no ar com a passagem paquidérmica de Yoani pelo Brasil.


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