segunda-feira, 13 de maio de 2013

O BEZERRA EM AGONIA




O banner na frente do Hospital Psiquiátrico Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, em São José do Rio Preto, é sintoma de uma gravíssima doença que toma conta dos hospitais que cuidam dos nossos doentes mentais. Enquanto no mundo todo os médicos estão revendo e revertendo o processo que deu origem à “desmanicomização” dos hospitais psiquiátricos, aqui no Brasil este maldito processo continua em pela ascensão. 

Os defensores da desmanicomização, que querem os doentes mentais fora dos hospitais, usam palavras agressivas e persuasivas, como “confinamento em hospícios” para vender a ilusão de que essa era de tratamentos compulsórios chegou ao fim. Com certeza, eles não tem um doente mental em casa. 

Devolver à família. Sim vamos devolver nossos loucos (ops! olha eu saindo do corolário do linguajar corretamente político) para as famílias. Alguns deles, quando surtam, nem um exército de estivadores consegue detê-los. Eles quebram tudo. Arrasam a casa, machucam os familiares, agridem e acabam sendo agredidos. Muitos deles saem para as ruas, atormentando a cidade e sofrem agressões físicas, quando não são assassinados. 

Os adeptos da desmanicomização são teóricos de gabinetes, auxiliados por alguns psiquiatras de academia, useiros e vezeiros no uso de pacientes para testar suas teses mirabolantes, escrever belos volumes de livros que garantem depois sua entrada no círculo dos bem dotados da profissão, com convites para palestras, congressos, entrevistas e que tais. 

Para esses, pacientes e seus familiares são meros detalhes. As agruras econômicas dos hospitais onde desenvolvem suas potencialidades acadêmicas não passam de má administração de seus mantenedores. Eles estão muito preocupados com seus títulos e sua ascendência profissional, cultural, social e intelectual para lançarem um olhar de socorro às instituições. 

Pobre povo brasileiro. 

Enquanto isso, hospitais como o Bezerra de Menezes, de Rio Preto, decretam sua própria morte. A lenta agonia do Bezerra teve início quando o prefeito Edinho Araújo, logo no primeiro mandato (2001-2004) cortou uma ajuda financeira de R$ 40 mil por mês ao hospital. Daí pra cá, Gracio Thomas Saturno conheceu seu inferno em vida, numa luta desesperadora para manter o Bezerra de pé. 

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