sábado, 14 de maio de 2016

Não ao 13 de Maio

Ontem foi o dia da assinatura da Lei Áurea. Não ouvi muito blábláblá sobre o assunto. Acho que a comemoração caiu em desuso – se é que alguma vez teve uso – depois que os movimentos negros passaram a comemorar 20 de novembro em homenagem ao líder Zumbi.
Historicamente não há o que se comemorar no dia 13 de maio. A princesa Isabel assinou uma lei de um único artigo que colocou na rua milhões de negros sem dinheiro, sem casa para morar e sem emprego. Do dia para a noite, um enorme exército de renegados ganhou uma liberdade de mentira.
Quanta crueldade dessa elite branca!
Os fazendeiros brasileiros que passaram três séculos explorando os negros num regime de escravidão que envergonha até hoje a Nação preferiram contratar imigrantes europeus ao invés de assalariar os negros que até então haviam trabalhado de graça, em troca de comida, sob a chibata, a masmorra e o pelourinho.
Ao invés de indenizar quem trabalhou, os fazendeiros queriam ser indenizados pelo governo por perder “suas propriedades” humanas. Além de cruéis, eram também cínicos. Que triste capítulo para a jovem história brasileira.
É por essas e outras que o 13 de maio passou em branco.
É por essas e outras que sou a favor da cota para negros nas universidades públicas.
Aliás, para aqueles que são contra, tenho uma dica na ponta da língua: me digam quantos médicos negros vocês conhecem. Assinalo médico porque é uma profissão emblemática, mas pode ser outra qualquer de nível superior.
Penso que quem é contra as cotas deve imaginar que os escravocratas de ontem tinham razão ao declarar que os negros eram seres inferiores. Afinal, as boas profissões parecem reservadas aos brancos ou, então, os negros não são dotados de capacidade mental para serem aprovados em tal quantidade quanto os brancos. Prefiro ficar com a opção verdadeira: os negros foram alijados das benesses republicanas e colocados à margem do progresso social do país.
Não ao 13 de maio é a forma correta de homenagear os negros. 
Tivessem os negros sido amparados social e educacionalmente após a abolição com certeza teríamos hoje uma nação equilibrada, com menos desigualdade e mais fraterna. 


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