sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

DE ONDE VEM AS COISAS



Ponho os pés na Mário Ribeiro e topo com um amigo que me diz, todo feliz: - “Ei, Lelé, você por aqui!” Entro no La Plagge, e dou de cara com outro rio-pretense. Vou ao Limoncini checar se o filé a parmegiana deles empata com o da San Remo e lá está outra família rio-pretenses. Na pegada da onda, na Pitangueiras, encontro um advogado com escritório no Ruy Barbosa e um empresário do Parque Industrial. Só na praia do Éden não encontro ninguém conhecido.
Chego à óbvia conclusão, já defendida pelo saudoso Alberto Cecconi, que o Guarujá é um bairro rio-pretense na beira do mar. Está certo que os mais abastados preferem Riviera de São Lourenço, Maresias, Búzios...
Há uns vinte anos escrevi uma crônica, após animada conversa com Aldevor Savazo, que a única coisa que faltava em São José do Rio Preto era uma praia margeando a Alberto Andaló. Continuo defendendo a tese. O grande prefeito da cidade será aquele que canalizar a água do rio Grande para garantir o abastecimento e a do Guarujá pra fazer a nossa praia...
Maria Antonia se encanta com uma sorveteria da rua Petrópolis. “Pai, só tem picolé!” Entramos e encontramos dezenas de picolés. Nata com recheio de morango, ela escolhe. Uma delícia. Até o formato é diferente. Eu fico com “morango moreno”, isto é, chocolate recheado com morango. Criatividade. Olho o rótulo. “Dio Madona”. É o sorvete rio-pretense da Boa Vista fazendo sucesso no Guarujá. Constato decepcionado, que a empresa não imprimiu o nome de São José do Rio Preto no seu rótulo.
Tenho mania de ler rótulos. Gosto de saber de onde as coisas são. Com a globalização a gente aprende a nova geografia econômica do mundo. Um exemplo são os remédios. As nossas farmácias estão inundadas de remédios indianos que competem com os genéricos brasileiros. Mesmo importados, chegam aqui mais baratos. O leitor sabe que o velho e tradicional Vick VapoRub está sendo fabricado em Naucalpan, no México? E tão tradicional quanto, o velho Eno está vindo de Buenos Aires, fabricado pela GlaxoSmithKline Argentina S.A. e importado e distribuído pela GlaxoSmithKline Brasil Ltda, do Rio de Janeiro?
Mas eu me encanto mesmo é com os produtos nacionais que encontramos nas prateleiras do dia a dia. Prendedor de madeira para roupas fabricado em Ituverava. Copos de plásticos, de Içara, Santa Catarina. Remédios para aftas, de Hortolândia. Palitos de dente, produzidos em Nova Ponte, Minas Gerais. Adoçante de estévia, de Marialva, Paraná. Também do Paraná, de Arapongas, vem a balinha gostosa de erva-cidreira que ganhamos na saída da churrascaria.
De Extrema, Minas Gerais, chegam as gostosuras da Bauducco. O Nescau que conhecemos desde criancinha, está sendo produzido na histórica e bela Araras. Pipoca de microondas vem de terra de São José dos Guarulhos, do famoso bairro de Cumbica. O café em pó da manhã é de Bom Jesus, do Rio Grande do Sul. Como não poderia deixar de ser, a bolacha recheada é de Marília. O óleo de amêndoas é de Vinhedo.
Aí eu sinto falta enorme dos doces de Cosmorama e de Engenheiro Schmitt e do chope da Riopretana.
Não percebemos, mas estamos rodeados de coisas do mundo inteiro. Desde o mais singelo produto, como o queijo prato de Américo de Campos e o “cracóvia de Prudentópolis” aos sofisticados produtos da Suécia, Finlândia, Tunísia, Líbano, Turquia, Indonésia, Malásia, Cingapura, Hong Kong, Taiwan, Coréia do Sul, Japão, Equador, Argentina...
Isso me lembra quando propus ao então candidato prefeito Edinho Araújo, em 2000, o projeto de criação da “Marca Rio Preto”. A idéia era simplista demais, por isso precisaram sofisticá-la. Era simplesmente imprimir a bandeira de São José do Rio Preto com os dizeres “Produzido em São José do Rio Preto – SP” em todas as embalagens, de todos os produtos que fossem produzidos na cidade. Era uma forma de mostrar ao Brasil que São José do Rio Preto não é Ribeirão Preto, muito menos São José dos Campos!    

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