CAPIVARAS AO SOL

Capivara dormindo ao sol na Represa de São José do Rio Preto/SP
(Foto Lelé Arantes)

O sol decidiu não dar o ar da graça na quinta-feira passada. Chuva e vento frio fizeram a gente retirar do armário blusas, japonas, jaquetas, casacos, pulôveres e outros flanelados. Neste clima tão “anti-rio-pretense” (se isto não for com hífen é um tremendo palavrão!) saí para mostrar a cidade a dois visitantes goianienses.
Encantaram-se com a avenida Alberto Andaló e seus bares, mas não esconderam a decepção quando souberam que embaixo dela corre o córrego Canela, espremido num leito de concreto e paredes de velhos tijolos pó-de-mico. O visual das represas (ou lagos, como quer meu amigo Caio Urbinati) os deixou impressionados, por causa da presença das capivaras. Como é que elas vivem aqui, em plena cidade? Eles, goianos de nascimento, acostumados com suculentos bifes de capivaras caçadas clandestinamente, admiraram-se de vê-las ali, soltas e livres, pastando folgadamente. Um deles quis testar se elas eram arredias ou não. Desceu do carro e aproximou-se de uma capivara que tomava sol na margem da represa. Foi chegando cada vez mais perto, bem devagarzinho, até agachar-se a menos de meio metro na frente dela. E ela nem ai com ele. Ela só moveu a cabeça, muito lentamente, quando ele a acariciou acima dos olhos. Como estava ela ficou. Não se moveu. Ficou lá tomando seu sol e recebendo carinho(*).Com sol ou sem sol, é como disse a professora Ana Cristina tempos atrás, na rede: “não há nada mais belo do que caminhar na represa ao pôr do sol de Rio Preto”. 

(*) Não tente fazer isso se perceber que a capivara é arisca.