quinta-feira, 23 de agosto de 2012

LIVRO DOS DESATENDÍVEIS - CAPÍTULO 3



Anátema! Caia sobre mim o raio eletrocutador...
Nicarágua dos meus tempos de sonhador é hoje
Apenas resto de sonhos e de mortos pesadelos!
Cáspite, diria o velho carcamano sob a paineira
Rondando a modorra enquanto o vento fraco sobra
Intruso como a torrente chuva de verão.
Somos todos filhos de ancestrais de nomes apagados
Tão diáfanos e esquecidos como nossos tetravós,
Imagens imperfeitas numa parede de retratos amarelados.
Nada mais que vultos indecentes caçando a memória
Através de pensamentos negados; negados e sepultados.
Vamos – andiamo, grita a italiana trôpega sob o lenço colorido –
Andiamo, andiamo... Il laboro di cane! Dio cane, Madona mia!
Nus estão os pés calejados e rachados de tantas frieiras e
Isso ninguém pode mais roubar: os rastros dos que ficaram!

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