A minha vida não é minha.
Nada de mim pertence a mim; nem eu sou eu.
Ajoelho sobre pedras pontiagudas pra sentir-me vivo.
Caridade! Afasta-te de mim, vil mulher de olhos súplices.
Rio-me de ti, rio-me de coisas caridosas e enfadonhas.
Insta minha alma ao debruçar do abismo sem fim.
Solto meu cachorro de sete cabeças sobre os santos -
Tortuosos gessos de coloridos falsos sobre os altares.
Inebriado, colérico e desdentado mordo com gengivas secas
Nacos das carnes podres onde vicejam os vermes da memória.
Ave cruz! Viver me cansa, morrer é algo bem-vindo.
Viver me atormenta, dá náuseas nesta manhã.
Arde em mim este fogo pálido de morto.
Não mais sonho teus beijos nem teus gozos.
Incho sob a campa na rasa cova onde me tornei pasto de vermes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário