Amarrotei o papel onde dormitava seu último recado.
Nas linhas tortuosas de sua bela caligrafia nada encontrei
Adrede à minha trajetória de amante cansado.
Capricórnio não mais abençoa meus devaneios!
Resta-me, como o grande troiano, fechar meus portões.
Insufla de longe os ventos de Poseidon riscando meu rosto
Sofrido e carcomido de maresias incontáveis.
Tânatos abraça-me e protege-me da fúria de Hipnos:
Ignoro o sono – seria bem-vinda a morte certa e cega.
Naufrago em oceanos negros como quem morre sem morrer.
Anoto no meu coração, com giz de fogo, a fome de morte.
Vã é minha tentativa suicida de jogar-me das costas de Sísifo,
A rolar como pedra desgovernada e sem peias.
Não mais a prisão de minha alma atormentada,
Irritada e carente na desconexa viagem ao vale da escuridão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário