terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

LIVRO DOS DESATENDÍVEIS – CAPÍTULO 8


Antes que o sol caia, muitas vezes me negará.
Não me verás em espelho algum; nem eu a ti.
Abraço tua imagem distorcida e lamento e clamo.
Clamo com meus braços erguidos e vestes rasgadas,
Ralho com meu coração timorato e cruel a
Inflar no íntimo esse fogo morto sob as cinzas geladas.
Safo-me de seus olhos penetrantes e perscrutadores:
Tamborilo os dedos como quem nada vê nem sente,
Imerso num mar tempestuoso de saudades florígeras.
Nesta manhã de sol, neste dia que se esvai como fina névoa,
Atrevo-me mais uma vez gritar seu nome e desejar você.
Valho-me de meus devaneios para clamar à Lua que
Antes do sol cair e tornar a subir dê um fim à minha
Nada benfazeja vida cuja seiva escorre sutil e veloz na
Insone noite de minha derradeira hora. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário