MÃO DUPLA

Estou conhecendo a nova face da democracia. Aquela em que você só tem valor se fizer o que os outros querem; se pensar como os outros pensam; se gostar do que os outros gostam. Quando você não atende as expectativas do outro, você é execrável, você “é igual a eles”, você se torna em questão de segundos de herói a vilão.

Sabe de uma coisa, cansei.

Quero ser apenas eu mesmo, do jeito que sou. Se estiver feliz, estarei risonho; e se estiver triste, estarei tristonho. E ponto.

A gente exige muito de nós mesmos para agradar os outros. Muitas vezes insistimos no erro por medo de mudar, por medo do que os outros vão pensar. Hoje eu sou corintiano e daí se amanhã eu decidir ser palmeirense ou são-paulino? Quem é que paga as minhas contas?

Quem é que me ama tanto quanto eu me amo?

Chega. Dê um basta nos outros.

Quando você cai de cama, gripado ou com dengue, quem é que cuida de você? Pois é, essa pessoa ai que cuida de você é a única pessoa a quem você deve qualquer satisfação.

Quando você está infeliz, com a alma doente, quem é que lhe dá colo? Pense nisso.

Penso nisso e logo sinto que meu mundo encolhe, que minhas horas ficam mais longas e os amigos passam ser contados nos dedos – de uma mão.

Com você é diferente? Pense muito bem antes de responder para você mesmo. A pior coisa do mundo é quando mentimos para nós mesmo e acreditamos.

Cuide de quem cuida de você.

Ame quem ama você.

Doe-se a quem se doa para você e por você.

E o resto, não se preocupe, quando eles perceberem quem é você, certamente chegarão mais perto e ai te conhecerão melhor e você a eles e todos então se cuidarão, se amarão e se doarão.

E lembre-se, você não deve explicação e justificativa a ninguém. Se deve, então tome cuidado, porque você não está sendo mais você e sua vida deixou de ser sua.


Democracia é como o gostar: tem mão dupla e respeito mútuo.