quinta-feira, 20 de novembro de 2014

RIO PRETO D - ELOGIOS

Publicado no Jornal D Hoje Interior





Wilson Focássio, paulistano da Mooca que escolheu Rio Preto para viver, escreveu ontem um longo panegírico a meu respeito, sem esquecer Bálsamo e Cosmorama. Eu não teria escrito coisa melhor sobre mim, até porque elogio em boca própria é vitupério. 



Alguém pode imaginar que corrompi meu amigo para escrever boas coisas sobre mim. Imaginação incorreta. Focássio não bebe. É um dos homens mais íntegros que já conheci. Incorruptível como nosso saudoso amigo em comum que também era Wilson, mas Stéfano. 

É muito bom receber elogios, principalmente quando eles chegam de pessoas que não nos devem nada; nem sequer favores. No caso em tela, quem deve sou eu. Focássio e Alda são duas amizades maduras que ganhei nos últimos anos e seus conselhos sábios já me arrancaram de algumas confusões. 

Aposentado, Focássio é forjado na mesma ferraria que forjou Alberto Bianchi: estão sempre prontos para uma viagem, para um passeio, para um favor ou apenas um cafezinho. Como eu costumo dizer, sou um homem de sorte, um afortunado pelos bons amigos que tenho. 

Os elogios são resquícios da coluna Rio Preto D, que estreamos domingo aqui neste espaço do jornal DHoje Interior. Acoplado ao meu blog, a coluna rendeu muitos comentários, especialmente no Facebook. Gente daqui e gente de longe. 

Pedrinho Baradelli escreve de Osasco, Alessandra Melhado elogia de Votuporanga; Edmilson Zanetti, que é um adolfo-pretense convicto, até o mestre Antonio Manoel dos Santos Silva, que não é dado a elogios, recebeu bem a primeira crônica. Mereço até uma curtida da poetisa cosmoramense radicada em São Paulo, Maria Julia Pontes. 

Escrever ficou fácil; encontrar leitores é o que é. Estamos acostumados com tudo pasteurizado e pronto e assim a leitura também se torna rápida e veloz como um poema de Ferreira Gullar. 

Farejo no ar, como um perdigueiro malhado, que há leitores que estão com os olhos no tempo em que a leitura não era obrigação à lá José Simão para rachar o bico de manhã com seu humor escrachado. Há gente querendo ler coisas leves, descompromissadas e principalmente saudosas. 

Vide o sucesso de Jocelino Soares com suas reminiscências caipiras. São assuntos arraigados na memória rural dos nossos pais e avós, entranhadas no imaginário do homem que deixou a roça e mudou-se para a cidade, do menino que brincava nos currais e hoje ostenta diplomas de nível superior em seus escritórios refrigerados. 

Queremos ler algo que se aproxime de nossa realidade. É como se o objeto da leitura se tornasse presente. Aquela ficção que nasce nos causos do homem do campo, quando ele reunia a família em torno da fogueira nas noites de inverno para que todos, à moda de Giovanni Boccaccio, contassem, cada um sua história, que muitas vezes misturava Malazarte, mula sem cabeça, lobisomem, almas penas, reinos encantados, princesas idealizadas, os doze pares de França... que até hoje não tive a curiosidade de saber quem foram. 

Obrigado Focássio. Ah, como eu disse Focássio, por diletantismo, porque escrever é um ato que abre minha alma e fustiga meu espírito. O único antídoto para essa loucura é escrever. 




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