RIO PRETO D - ENCOMENDA ANTECIPADA

Publicano no JORNAL D HOJE em 24/12/14

O escritor Edvaldo Jacomeli e a aluma Rebeca Casemiro, a Bequinha

Eu não vi nos jornais, mas deve ter saído algo. Ultimamente estou displicente na leitura dos jornais. Trinta anos de janela nos torna rabugentos, encontramos, antes de qualquer coisa, os erros. Como se não tivéssemos cometido os nossos erros no passado. Eu, por exemplo, tenho um erro fatalíssimo: era revisor da Folha de Rio Preto quando a novelista Janete Clair morreu, em 16 de novembro de 1983. Com a pressa de fechar a edição, publicamos sua morte numa nota de primeira página. Tiramos uma chamada e colocamos a nota. Ao escrever o nome dela, o linotipista, provavelmente o Venâncio de Mello, escreveu Janete Chair. Eu fui no embalo. Para a Folha de Rio Preto, Janete Clair não morreu.

Acho que nossa mente foi traída pela Cher. Aquela atriz bonitona de cabelos negros com efeito cascata que atuou em Silkwood (no Brasil: O Retrato de Uma Coragem). Confesso que a Cher era um sonho maravilhoso... era muito fácil imaginar um beijo naqueles lábios carnudos ou então sonhar com a borboleta tatuada no seu bumbum! Mas não é sobre Janete Clair ou Cher que quero falar. E sim das crianças da nossa região que estão entre os primeiros colocados na Olimpíada Nacional de Língua Portuguesa. 

Miriã de Souza Nascimento é de Urupês, estuda na EMEF Prof. Athayr da Silva Rosa. Emplacou a poesia “O Meu Lugar nas Linhas de Tantos Tempos”, no livro da Olimpíada. Aluna da professora Priscila Pereira Paschoa, ela ganharia qualquer concurso somente com este título pra lá de criativo. Qualquer comissão julgadora teria sua atenção despertada por um título com tamanha carga criativa. 

Vitor Hugo Bueno é de Santa Fé do Sul, estuda na premiadíssima escola Agnes Rondon Ribeiro. O aluno da professora Simone Sá Teodoro Ondei foi classificado na categoria “Memórias Literárias” com o texto “Uma Caneca de Leite”. Narrativa simples e gostosa, com tremendo peso afetivo, dos tempos em que se esperava no curral sair aquela canequinha de leite tirado diretamente dos peitos da vaca... quem nunca passou por isso não sabe a delícia de ser criança na roça.

Rebeca Casemiro de Abreu, de Irapuã, carinhosamente chamada de Rebequinha, também faz parte do livro “Memórias Literárias”, com o trabalho “Janelas da Memória”. Aluna da professora Aline Cristina Garcia, ela estuda na EEPSG Profa. Desolina Berti Gregorin. E temos Beatriz da Silva Souza, que está no livro de crônica com o texto “O Último Jogo de Baralho”. A menina Beatriz é de Cardoso, é aluna da EMEF Profa. Dirce Libano dos Santos, e aprende com o professor José Francisco Bertolo.

Falo deles, da escola e dos professores, porque me dão um orgulho danado. Como é bom saber que estes alunos, de cidades como Cardoso, Irapuã, Santa Fé do Sul e Urupês brilham entre milhares de alunos de todo o Brasil. Iniciativas como essa Olimpíada são tudo de bom. 

Penso, aqui na minha humilde insignificância, que as quatro crianças deveriam merecer manchete de jornais, matéria na televisão, um oba-oba fantástico como forma de incentivo às demais crianças e alunos. Reclamamos tanto da educação, mas quando algo de muito bom acontece, a indiferença vence e o esquecimento soterra. 

Talvez, nesta humilde coluna diária (cáspite, não é nada fácil escrever coluna diária!), consigamos registrar este feito e comemorar essa façanha. Parabéns a elas, parabéns às crianças vencedoras!