sábado, 27 de dezembro de 2014

RIO PRETO D - OURO AZUL

Publicado pelo JORNAL D HOJE em 28/12/14





Uma amiga chamou minha atenção para a questão do uso de ar condicionado, observando que economizar energia significa não falta água no futuro, influenciando positivamente na vida da humanidade no planeta Terra. Dessa forma, se as lojas Pernambucanas e suas assemelhadas desligarem os aparelhos de ar condicionado pode ser que, no futuro, não venha faltar água.

Mal sabe ela, inocente, que a água do planeta já está toda comprometida. Isto é, está toda comprada por grandes aglomerados econômicos estrangeiros. Hoje (e não no futuro) já estamos pagando água a preço de ouro. Nos aeroportos brasileiros você não compra uma garrafa de água de meio litro por menos de cinco reais. Ou seja, em média, um litro de engarrafada (envasada, como queiram!) custa de dez a doze reais. 

Só três vezes mais caro que a gasolina.

Não bastasse, essas megaempresas transnacionais estão comprando prefeitos e vereadores Brasil afora para assumir o controle da água no País. Elas cuidam de tudo, desde a captação até a distribuição da água potável na sua torneira. A água hoje é verdadeiramente uma mina de dinheiro. É ouro líquido. Pare para pensar: é mais barato você tomar uma cerveja de 600ml que uma garrafinha de água de meio litro. Tem alguma coisa muito errada!

Penso, logo existo! Mentira. Bebo, logo existo. Sem água, sem vida. Água e ar. Comida se dá um jeito. Mas sem água não se vai a lugar algum. A desidratação é morte certa e severa. Quando os capitalistas internacionais se interessam por algo é porque ali tem questão de vida e de morte. A água é, hoje, um produto de vida e morte. Teremos sim, no futuro próximo, uma guerra mundial por água, comida e remédios.

Maude Barlow e Tony Clarke denunciaram isso no livro Ouro Azul – Como as Grandes Corporações Estão se Apoderando da Água Doce do Nosso Planeta e isto está realmente acontecendo. Daqui uns dias vão se apoderar da água do Semae. O plano está a caminho. As corporações, com seus tentáculos enormes e cheios de ventosas, estão agarrando tudo para si, mostrando aos formadores de opinião é que melhor colocar a água nas mãos das empresas que deixa-la à mercê dos corruptos e corruptores de plantão nas portas das Prefeituras.

A receita chega a ser simplória. Primeiro, sucateia-se a autarquia ou o departamento de água. No nosso caso, o Semae. Com o sucateamento, começa faltar água. O povo chia. Afinal, ninguém merece. Sem água para beber, para fazer comida, tomar banho, lavar as roupas e as calçadas e os quintais, limpar os carros, encher a piscina... a chiadeira é batata.

Na chiadeira ninguém pensa, é como estouro de boiada. Então surge o salvador da pátria, aquele que livrará o povo da tormenta da falta de água. Claro que tudo tem um preço, afinal, no capitalismo não existe almoço grátis - coisa que os socialistas não souberam explorar direito. 

Vem o prefeito com seus alforjes empanturrados, distribuindo benesses aos agregados da base política, e vem os jornalistas com seus olhos inchados de tanto uísque barato, e as ladainhas de sempre. Os edis, sempre atentos e afoitos, votam e aprovam. Dias depois vem o tarifaço e a água nossa de cada dia se torna o ouro líquido azul. E todos ficam felizes para sempre. Ou não?

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