terça-feira, 3 de março de 2015

RIO PRETO D - O MUNDO ANTIGO

Publicado no Jornal D HOJE


Um show gospel acontece na praça Rui Barbosa e inunda o centro da cidade neste sábado com melodias que tentam, de uma forma ou de outra, louvar Jesus. Na minha mesa, ao lado direito do notebook, repousa a biografia “Operário de Deus”, em que Donizeti Della Latta narra a trajetória do bispo Dom Paulo Mendes Peixoto. Estou lendo o livro devagar. Na minha pasta de viagem me acompanha um exemplar do Novo Testamento em português e inglês, publicado por Os Gideões Internacionais.

Não consigo imaginar como era o mundo antes do cristianismo. A imagem que minha mente (este falso eu interior) forma do mundo antigo é um circo de horrores. Como imaginar aqueles gregos deitados languidamente em seus bancos de pedra filosofando sobre isto e aquilo, sem tomar banho, sem usar papel higiênico e namorando meninos imberbes... enquanto as mulheres administravam o lar e eram “visitadas” pelos homens para a procriação. Aqui entre nós, a coisa devia feder demais! Um mundo fétido, apodrecido, anti-higiênico.

Como imaginar os romanos com suas togas e pompas em banhos públicos e andando em ruas tomadas por fezes humanas e de animais, urinas e outras podridões? As mulheres com seus vestidos rastejando no chão... O mundo de Cristo não era nada diferente. Eles não conheciam cama nem cadeiras; comiam com as mãos, dormiam em esteiras no chão juntamente com os animais, em especiais ovelhas, carneiros, jumentos e bois. Dentro de casa.

Como imaginar um mundo assim? 

As belas donzelas e os belos mocetões do passado, como Alexandre O Grande, quando chegavam aos trinta anos não tinham mais dentes inteiros na boca, apenas cacos enegrecidos e carcomidos pelas cáries. Note que ninguém sorri nos retratos dos artistas nem nas fotos antigas. Dores horríveis consumiam as pessoas de antigamente. Dores de dente, doenças incuráveis e desconhecidas. Conviver com a dor era rotina diária das pessoas.

O cinema tenta dourar a pílula mostrando homens e mulheres lindos, de belas dentições, de pele acetinada e poses garbosas. O cinema vive de glamour, vive de vender ilusões e fetiches, absorve o belo e o torna comerciável. O cinema e a pintura nos deram um rosto de Jesus ocidental, um homem bonito de olhos azuis e longos cabelos castanhos.

Se Jesus Cristo surgisse no mundo ocidental com seu rosto verdadeiro, da época em que andou sobre as águas, e com seus costumes de então, certamente seria morto antes de abrir a boca. A imagem que fizeram dele para nós é falsa, mentirosa e irritante. Deve ser por isso que os falsos profetas nadam de braçada em seu nome.

Aliás, somos pródigos no falseamento da história e das imagens das pessoas. Gostamos de ser enganados. Átila, o Huno, o “Flagelum Dei”, tinha um metro e nove centímetros de altura! (Alguns historiadores acham que é 1m20cm). Ele era anão? Sim, mas não é o que mostra o pintor húngaro Mór Than, no quadro “A Festa de Átila”. Claro que queremos Átila com Anthony Quinn e Sofia Loren... ou então o novo Átila com o belo Gerard Butler...

É, mas nenhum deles ao menos se parece com o verdadeiro Átila, aquele que entrou para a história como “Flagelo de Deus”. Assim, o mundo antigo vai sendo distorcido e vendido como se fosse o novo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário